Quem tem acompanhado as manifestações tanto nas ruas, quanto nas redes sociais, consegue identificar um movimento pró-intervenção bem forte. São faixas, textos e argumentos para tentar explicar o motivo de ter um grupo de pessoas pedindo que as Forças Armadas voltem a comandar o país.
As manifestações mais recentes deste grupo foram durante a greve dos caminhoneiros, embora os responsáveis pela paralisação negassem qualquer relação entre os dois movimentos. Em entrevista à Folha, o gerenal Augusto Heleno, de 70 anos, diz que identifica muitas semelhaças entre o clamor intervencionista de hoje em dia e o que houve nos meses que antecederam o golpe.
Embora as manifestações sejam legítimas e expressem a opinião de muitos, o general diz que ainda há muita gente que tenta invalidar tudo que foi feito de bom na época em que os militares estavam no comando. Ele ainda acredita que tem muito jovem pedindo intervenção porque a imagem que ficou daquela época de ditadura era de um país organizado e que tinha condições melhores de vida.
Eleitor de Jair Bolsonaro nas próximas eleições, o general diz que as Forças Armadas ficam lisonjeadas com esse pedido da população, mas acredita que os militares não querem chegar no poder desta maneira. "É lógico que as Forças Armadas se sentem 'lisonjeadas' pela credibilidade que essas faixas demonstram, mas têm plena consciência de que esse não é o caminho. O caminho são as eleições que vão acontecer", explicou.
Mas além de surpreender dizendo que os militares não querem o poder desta maneira, o general Augusto Heleno ainda mandou um recado para quem pede intervenção militar nas ruas. Para ele, quem é do alto escalão das Forças Armadas e está na ativa já está vacinado. "Posso lhe garantir que os oficiais e generais da ativa afastam essa possibilidade, repudiam esse tipo de manifestação", afirmou.