Daniela Mercuri de Almeida Verçosa (Daniela Mercury), com mais de trinta anos de carreira, é cercada de polêmicas. A cantora baiana utilizou o palco do Festival de Inverno de Garanhuns para protestar contra a prefeitura da cidade por haver cancelado a apresentação da peça teatral que mostra uma travesti encenando o papel de Jesus.
Segundo Mercury, peças teatrais não possuem dogmas religiosos. As encenações e reflexões, dentro de um contexto de liberdade de pensamento, é garantido pela Constituição Federal, e não pela Bíblia Sagrada. “Isso me deixa muito chateada e nos choca profundamente, ao ver que os políticos de nosso país simplesmente censuram uma peça teatral, por dogmas religiosos“, afirma.
A cantora continua seu discurso dizendo que arte não tem religião nem dogma, pois é um momento de reflexão e crítica social. “Deve ser essencialmente livre. É singular. A arte é para fazer pensar, refletir e incomodar. Saibam que sem liberdade não existe civilização. (…) A nossa constituição não é a Bíblia, ela nos permite dialogar com os símbolos religiosos e falar sobre eles. .”, disse Daniela Mercury
A artista, sem duvidas, é uma das maiores cantoras do Brasil. Daniela Mercury se reafirmou como lésbica e citou Jesus Cristo, perguntando qual seria o problema dela ter uma sexualidade diferente da maioria: “Eu sinto vergonha pelos políticos que fazem isso com as pessoas. É desumano, é muita maldade, ruindade, sem afeto, lamentável. Jesus Cristo, eu estou aqui. Eu sou gay. Eu sou lésbica e daí?”
Com esse questionamento. a cantora baiana encerra seu discurso no festival, cantando uma clássica canção de Renato Russo, num claro e descancarado protesto aos políticos conservadores do país e aos religiosos de forma geral.
A peça teatral em questão é de autoria da escritora trans Jo Clifford, da Inglaterra, e é interpretada aqui no Brasil por Renata Carvalho, abordando questões de gênero a partir da perspectiva de mostrar Jesus Cristo como uma travesti nos dias atuais.