O ator e diretor Wagner Moura acaba de lançar, em Paris, o filme que repassa os últimos cinco anos da vida de Carlos Marighella. Para alguns, ele foi um herói na luta contra a ditadura militar. Para outros, foi um terrorista integrante do Partido Comunista do Brasil (PC do B).
Marighella foi morto por agentes do Exército Brasileiro. Na entrevista concedida a um grupo de jornalistas, Wagner Mouro falou sobre o filme e também sobre o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que havia criticado o filme antes mesmo de seu lançamento.
“Não quero que este filme seja uma resposta a Bolsonaro. Mas certamente é um dos primeiros produtos culturais abertamente contrários ao que ele representa“, afirmou Moura, que em outros momentos da entrevista faz referência ao fascismo. Bolsonaro é chamado pela oposição de fascista.
Apesar de toda a empolgação da esquerda em torno do filme, Wagner Moura teme pelo pior no Brasil. O diretor afirmou que está preparado até para ser agredido durante exibições do filme no país. O ator afirmou que está preparo para tudo, inclusive que as pessoas vaiem, joguem lixo na tela e até o agridam fisicamente..
Mas a estreia do filme no Brasil ainda é uma incógnita. “Quero que o filme saia o quanto antes. Mas é um problema. As distribuidoras não tem data, têm medo da reação do governo. O fato de estar na Berlinale e de atrair atenção internacional deve facilitar as coisas“, comentou Wagner.
No filme, Marighella, que era branco, é interpretado pelo cantor Seu Jorge, que é negro. Bolsonaro não fez mais nenhum comentário sobre o filme depois do lançamento, mas há comentários antigos em seu Twitter contra Marighella, a quem ele costuma chamar de terrorista.
Vale lembrar que Bolsonaro é capitão da reserva do Exército; e Marighella sempre foi visto como comunista inimigo das Forças Armadas.