Quem é internado por causa do novo coronavírus pode enfrentar momentos difíceis e vê a morte de perto, já que muitas vezes o paciente não consegue nem mesmo respirar. Aqueles que conseguiram se recuperar comemoram a vitória sobre uma das doenças mais temidas do momento, mas também enfrentam marcas profundas, resultante desta batalha.
Uma mulher chegou a ficar internada no hospital Emílio Ribas por 42 dias, sendo que 25 deles precisou ficar intubada e contou que não se lembrava de quase nada, mas sonhava sempre que estava viajando ou chegando em casa.
Quando despertou após a intubação, essa mulher ficou desesperada porque estava amarrada e os médicos explicaram que foi preciso agir assim porque ela ficou muito nervosa. Esse procedimento é importante para que o paciente não se machuque e não perca os acessos às veias.
Mas esta paciente que agora está em casa, conta que passou a ter pesadelos e acorda chorando, pedindo para não ser amarrada. A família é fundamental nesta hora, pois o paciente se recuperou da Covid-19, mas agora precisa vencer o trauma deixado pela doença.
Uma outra paciente contou à Folha, que ela ficou isolada, sozinha e não via nem quem era a pessoa que a atendia. Nesse momento, isolada de todos, é que a ficha para ela caiu e então viu o quão grave era a situação.
A mulher revelou que é terrível ficar deitada vendo as pessoas se aproximarem dela usando todas aquelas roupas e equipamentos de segurança, isto faz o paciente ter a sensação de que vai mesmo morrer e dá um vazio enorme, uma vontade desesperadora de chorar e vem a dúvida se conseguirá sair viva dali.
Toda essa batalha travada no hospital acaba deixando traumas e em casa estas pessoas enfrentam pesadelos. Após sobreviver à Covid-19, os pacientes têm que passar por um outro processo no qual cada um precisa contar com o apoio de todos para entender tudo que ocorreu, que agora está bem e o pesadelo acabou.