Presidente Marcus Holanda explica a importância da Energia no crescimento do Brasil

Marcus Holanda explica porque a energia elétrica do Brasil é a segunda mais cara do mundo.

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A energia elétrica do Brasil é a segunda mais cara do mundo. De acordo com levantamento da Agência Internacional de Energia (IEA), só os alemães pagam mais caro do que nós. Enquanto a Alemanha está fazendo de tudo para baixar os preços, diversificar e limpar a sua matriz energética, o governo brasileiro está aprofundando a crise sem se importar com os prejuízos para a economia e para a sociedade. Se nada for feito, logo seremos os primeiros no ranking macabro da energia mais cara do planeta.

Diferente da Alemanha, o Brasil é um país de dimensões continentais, dono do maior potencial hídrico do mundo, onde não faltam sol, nem vento. Então, por que a energia elétrica aqui é absurdamente cara? 

A resposta é tão simples quanto escandalosa. Como acontece no setor de combustíveis, a nossa política energética serve apenas para manter os lucros exorbitantes e as mordomias de um pequeno grupo de controladores de companhias elétricas. A favor deles está o monopólio e a ausência de uma efetiva regulação do setor. Além de ser prejudicial ao bolso do contribuinte, essa política é contra a ordem econômica, atrasa o desenvolvimento do Brasil e piora crise climática.

O nosso país já foi elogiado por ter mais de 80% de sua geração vinda de hidrelétricas abastecidas por fontes renováveis. Mas esse modelo está ultrapassado. Com as mudanças climáticas, a escassez hídrica e a poluição causada pelo óleo e pelo carvão se tornaram um problema mundial. Os países avançados estão migrando para fontes de geração de energia elétrica mais barata e menos prejudicial ao meio ambiente. Mas o Brasil está ficando para trás.

As usinas solares e as fazendas eólicas, por exemplo, são alternativas que já deveriam estar sendo empregadas em larga escala em nosso país. No entanto, o governo continua agindo como se estivesse no Século XX. Mesmo com apagões e racionamentos, insiste em construir mais hidrelétricas. Ou pior: passou a incentivar usinas térmicas a carvão mineral, as que mais liberam CO2 e outros gases tóxicos, como o enxofre.

É necessário corrigir as falhas e distorções da política energética brasileira. No mundo, há vários exemplos de soluções para aumentar a produção, reduzir custos e minimizar o impacto ambiental. “Nós sabemos o que fazer, mas falta vontade política. Há pouco tempo estive em Austin, no Texas, região dos Estados Unidos que quebrou o monopólio e criou um mercado bastante competitivo, eu vi de perto como é bom o consumidor poder escolher entre várias companhias elétricas. No Brasil, até hoje, o setor é monopolizado. Somos reféns de um serviço caro e de baixa qualidade.

Aqui também quase não temos opção sobre o tipo de energia a consumir, embora tenhamos condições naturais invejáveis para produzir eletricidade a partir de diversas fontes. O Brasil tem um potencial técnico de energia eólica praticamente inesgotável, 800 GW (gigawatts). Isso corresponde a 4,5 vezes a nossa potência instalada somando todas as fontes. Mas a energia eólica não chega a 10% da matriz elétrica nacional. A situação da energia solar é igual. Segundo a Absolar – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, o setor responde por apenas 2,4% da nossa matriz energética.

Agora vejamos o descalabro: a energia solar pode custar até dez vezes menos do que a energia produzida em termelétricas fósseis ou a energia elétrica importada de países vizinhos, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário, a chamada bandeira vermelha, que faz subir ainda mais a nossa conta de luz. Resumo da ópera: temos que acabar com o monopólio, diversificar e descentralizar a matriz energética brasileira. Precisamos abrir o mercado, investir em fontes de energia limpa, como a energia solar e a eólica, assim como é preciso incentivar a descentralização da produção, por meio de comunidades autossuficientes e ambientalmente conscientes ou mudamos a política energética brasileira, ou estaremos fadados ao atraso, à pobreza e à desordem.