Uma pesquisa realizada pela Meta-Gallup afirma que uma em cada quatro pessoas, em todo o planeta, se sente sozinha. O Brasil também é um dos países impactados pela sensação, de acordo com uma pesquisa da Ipsos, feita para analisar os impactos da pandemia de covid-19.
Por aqui, metade da população se sente solitária, ainda assim, isso não diminui a busca por aluguel de casas em Campinas e outras cidades, com o intuito de morar sozinho — até porque se sentir solitário e estar sozinho são coisas diferentes.
Independência x solidão
A vontade de morar sozinho e construir seu próprio espaço é o desejo de muitos jovens adultos, por isso, muitos decidem deixar a casa dos pais e morar sozinho, mas sem se sentir solitário.
Nem todos que vivem sozinhos experimentam o sentimento de solidão. Estar sozinho envolve se virar sem a ajuda de outras pessoas, já a solidão está relacionada a sentir falta da companhia de alguém.
Jovens adultos são os que se sentem mais solitários
Engana-se quem pensa que as pessoas que alegaram se sentir solitárias são idosos. Ao contrário, o estudo da Meta-Gallup observou que são os jovens adultos os que mais lidam com a solidão e sentem falta de uma companhia.
No Brasil, o psiquiatra Thyago Antonelli Salgado estudou o assunto em seu mestrado e explicou que existem dois tipos de solidão: temporária e crônica. A temporária é normal e importante, já que impulsiona o ser humano a ir em busca do pertencimento e das relações sociais.
Por outro lado, a solidão crônica é mais perigosa, já que indica uma questão psicológica, como a depressão e a ansiedade, as quais exigem acompanhamento profissional para não evoluírem a um quadro mais grave, de completo isolamento.
A solidão não é exclusividade delas
Em um primeiro momento, é comum pensar que a solidão está mais relacionada às mulheres, porém, ambas as pesquisas provaram que o sentimento não é exclusivo delas.
No mundo, homens e mulheres estão igualmente solitários, já que 24% deles e 24% delas afirmam se sentir muito ou bastante sozinhos. Além disso, o estudo feito na pandemia pela Ipsos mostra que a covid-19 não foi a responsável pela questão. Ao contrário, o mundo já vivenciava uma “epidemia da solidão” desde 2018.
Solidão não atinge apenas o psicológico
Essa epidemia de solidão vivida em todo o planeta é preocupante. Segundo Thiago, em entrevista para a Revista Galileu, “a solidão está associada a uma frustração de pertencimento e se sentir útil, que são necessidades para o ser humano estar bem. Se elas não são atendidas, ele pode pensar que a vida não tem sentido e se sente desesperançado sobre as coisas mudarem para melhor”.
No entanto, não é apenas o psicológico e emocional da pessoa que é afetado. A solidão pode ser tão perigosa para o organismo quanto fumar 15 cigarros por dia, já que estar incluído socialmente é parte das necessidades básicas do ser humano.
Estudos feitos pelo Journals of Gerontology e pela Associação Americana do Coração afirmam que a solidão contribui em 40% para a chance de desenvolver demência e 30% para a possibilidade de ter um ataque cardíaco ou sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Metade do mundo ainda se sente acolhido e acompanhado
O estudo da Meta-Gallup é mais recente. Nele, é possível perceber que, por mais que 51% dos entrevistados (a pesquisa não incluiu a China) se sintam solitários, ainda existem os outros 49% que estão bem. Vale comentar que dentro desse número estão cerca de 2,2 bilhões de pessoas.
Ainda assim, fica o questionamento: será a tecnologia a culpada pelo crescimento da sensação de solidão e não pertencimento?