Um caso chocante abalou a cidade de Torres, no Rio Grande do Sul, quando Deise dos Anjos foi presa após ser acusada de envenenar oito pessoas de sua família com um bolo contendo arsênio. O incidente, que resultou em três mortes, revelou uma trama complexa de conflitos familiares e planejamento meticuloso.
A tragédia se desenrolou durante uma reunião familiar de Natal, em 23 de dezembro, no apartamento de Maída, irmã da sogra da suspeita. Logo após o consumo do bolo, os presentes começaram a manifestar sintomas de envenenamento. Jefferson, marido de Maída, relatou que sua cunhada Zeli foi a primeira a notar algo estranho no sabor do doce.
As vítimas de Deise
Entre as vítimas fatais estavam Neuza Denise, irmã de Zeli, e sua filha Tatiana. O filho de Tatiana, de apenas 10 anos, precisou de hospitalização, mas sobreviveu. Zeli dos Anjos, sogra da suspeita, também ingeriu o bolo, mas conseguiu sobreviver após período de internação na UTI.
As investigações ganharam nova dimensão quando a polícia descobriu que Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise que havia falecido em setembro, também apresentava traços de arsênio em seu organismo após exumação do corpo. Este fato ampliou significativamente o escopo do caso.
Buscas na internet
A análise do celular da suspeita revelou buscas na internet por termos como “veneno para o coração”, “arsênio veneno” e “veneno que mata humano”. Uma nota fiscal encontrada pela polícia comprovou a compra de arsênio pela internet dias antes da morte do sogro, em setembro.
Segundo as investigações, o modus operandi incluiu dois momentos distintos: primeiro, o envenenamento do leite em pó consumido pelos sogros em setembro, e posteriormente, a contaminação da farinha utilizada no preparo do bolo fatal. A polícia ainda investiga como a farinha adulterada chegou à despensa de Zeli.
Uma testemunha próxima à família revelou à polícia que Tatiana, uma das vítimas fatais, havia compartilhado preocupações sobre ameaças feitas por Deise. Em uma mensagem específica, a suspeita teria afirmado que “ainda vai ver toda a família dentro de um caixão“, além de manifestar desejo pela morte do sogro durante uma discussão.
A irmã da acusada enviou uma carta em defesa de Deise, argumentando que a polícia está fazendo um prejulgamento do caso. Na correspondência, destacou o auxílio prestado por Deise aos sogros durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, reconhecendo que, apesar de sua personalidade difícil, isso não a tornaria uma assassina.
A defesa de Deise, por meio de seu advogado, enfatizou a importância da presunção de inocência, ressaltando que o inquérito ainda está em andamento. Quanto às evidências encontradas no celular da acusada, a defesa argumenta que precisam ser analisadas dentro do contexto apropriado.