No universo do telejornalismo brasileiro, é comum associar a credibilidade e competência dos jornalistas à sua formação acadêmica. No entanto, existem casos notáveis de profissionais que alcançaram sucesso sem possuir um diploma específico em Jornalismo. Um exemplo emblemático é o apresentador William Bonner, à frente do Jornal Nacional há décadas.
Apesar de sua vasta experiência e respeito no meio jornalístico, Bonner é formado em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda pela Universidade de São Paulo (USP). Na época de sua graduação, era habitual cursar disciplinas comuns a diversas habilitações nos primeiros anos, permitindo a definição da área de concentração nos semestres finais. Embora tenha frequentado matérias relacionadas ao Jornalismo, sua escolha foi pela publicidade.
Figuras históricas que moldaram o jornalismo sem diploma
A discussão sobre a necessidade de um diploma para o exercício do jornalismo no Brasil ganhou destaque em 2009, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que qualquer pessoa poderia atuar na área independentemente de formação acadêmica específica. Antes dessa decisão, diversos nomes contribuíram significativamente para a imprensa nacional sem possuir um diploma em Jornalismo.
Carlos Lacerda, por exemplo, foi um influente jornalista e político, fundador do jornal Tribuna da Imprensa. Bóris Casoy destacou-se no telejornalismo, sendo conhecido por sua frase, isto é uma vergonha. Ricardo Boechat, respeitado comunicador, construiu uma carreira sólida na Band com seu estilo direto e crítico. Joseval Peixoto, embora advogado de formação, tornou-se uma voz marcante no radiojornalismo. Roberto Marinho, fundador do Grupo Globo, também é lembrado como um dos maiores nomes da comunicação no país, apesar de não ter formação acadêmica na área.
Ana Maria Braga: trajetória singular no jornalismo
Por outro lado, há casos de profissionais que, apesar de não possuírem diploma em Jornalismo, buscaram formalizar sua formação na área. Ana Maria Braga, por exemplo, graduou-se em Biologia pela USP. Ao ingressar na TV Tupi, trabalhou para se manter em São Paulo enquanto tentava uma pós-graduação em sua área original. Na emissora, decidiu cursar Jornalismo e obteve o diploma. Lá, apresentou telejornais e programas femininos. Após o fechamento da Tupi, afastou-se da televisão, dedicando-se a funções como assessora de imprensa e diretora comercial em revistas da Editora Abril. Posteriormente, retornou à TV nos anos 1990, consolidando-se como uma das figuras mais conhecidas da televisão brasileira com o programa Mais Você na Globo.