O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), frequentemente associado a doenças respiratórias em crianças, tem apresentado um aumento preocupante em casos graves entre idosos, especialmente aqueles com mais de 60 anos e portadores de doenças crônicas.
Os sintomas iniciais, muitas vezes semelhantes aos de um resfriado comum ou crise de asma, podem mascarar a gravidade da infecção, levando a diagnósticos tardios e complicações sérias como pneumonia. Dados recentes revelam um cenário alarmante: o VSR é responsável por uma parcela significativa das hospitalizações e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil.
Um estudo com dados brasileiros da última década demonstrou altas taxas de internação em UTI e letalidade em idosos com comorbidades infectados pelo VSR. “Os idosos com essas comorbidades normalmente são pessoas com maior suscetibilidade a complicações clínicas, como um todo”, explica o geriatra Marcelo Altona, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Diante da infecção do vírus sincicial respiratório, eles são muito mais suscetíveis a complicações. A baixa reserva funcional desses idosos com comorbidades acaba transformando essa doença em algo mais arrastado, com maior possibilidade de hospitalização e consequentemente com maior letalidade”.
VSR: o desafio do diagnóstico precoce em idosos
O diagnóstico do VSR em idosos apresenta desafios consideráveis. A semelhança dos sintomas com outras doenças respiratórias, como gripe e COVID-19, dificulta a identificação precisa do vírus. A falta de protocolos específicos para testagem e a baixa conscientização sobre a existência de vacinas contribuem para o subdiagnóstico e, consequentemente, para o agravamento dos quadros. “O que dificulta a testagem adequada é, muitas vezes, não reconhecer o VSR como potencial causador daquela infecção”, alerta Altona. Especialistas defendem a intensificação da educação em saúde para profissionais e pacientes, visando um reconhecimento mais ágil do VSR como possível agente causador de infecções respiratórias em idosos.
Indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) apresentam um risco até 13 vezes maior de hospitalização por complicações do VSR. Pacientes com Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) têm o risco aumentado em até 7,6 vezes, enquanto diabéticos e asmáticos enfrentam riscos 6,4 e 3,6 vezes maiores, respectivamente. A circulação mais intensa do vírus durante o outono e o inverno agrava ainda mais o cenário, aumentando o risco de surtos simultâneos com Influenza e SARS-CoV-2, o que dificulta ainda mais o diagnóstico precoce e o tratamento adequado.
Prevenção e vacinação: estratégias fundamentais contra o VSR
A prevenção é crucial no combate ao VSR, especialmente entre os idosos. Medidas como higienização frequente das mãos, ventilação adequada de ambientes e uso de máscaras em locais fechados são essenciais. A vacinação, embora ainda não faça parte do calendário nacional, é uma estratégia fundamental para proteger os grupos de risco. “A vacinação é um ponto de importância no cuidado do VSR, especialmente nessa população com comorbidades e em idosos, e também nas mulheres grávidas”, afirma Altona.
A combinação de vigilância epidemiológica, testagem, atenção redobrada aos grupos de risco e vacinação constitui um conjunto de medidas eficazes para prevenir quadros graves de VSR. A monitoração constante dos sintomas e a busca por atendimento médico diante de qualquer sinal de piora são atitudes essenciais para garantir a saúde e o bem-estar dos idosos, especialmente durante os períodos de maior circulação do vírus. A conscientização sobre os riscos do VSR e a adoção de medidas preventivas são fundamentais para minimizar o impacto dessa ameaça silenciosa à saúde da população idosa.
