Sem condições de falar, mulher agredida com 61 socos escreveu isso para a Polícia: ‘Começou a me bater e…’

Juliana Garcia foi agredida com 61 socos por seu então namorado e, sem condições de falar, escreveu para uma Policial no local.

PUBLICIDADE

Juliana Garcia, de 35 anos, começa uma lenta recuperação após sobreviver a um espancamento violento dentro de um elevador, em Natal (RN). A vítima foi atacada pelo então namorado, Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, ex-jogador da Seleção Brasileira de Basquete 3×3, que desferiu 61 socos em sua cabeça e rosto. O ataque aconteceu no dia 26 de julho, e toda a cena foi registrada pelas câmeras de segurança do condomínio, tornando-se uma das imagens mais chocantes já divulgadas em casos de violência doméstica no país.

O crime aconteceu após uma discussão entre o casal, que havia passado parte do dia juntos na área da piscina do prédio. Segundo os investigadores, a briga começou por ciúmes e rapidamente se transformou em uma agressão covarde e contínua. Juliana, temendo que algo acontecesse, decidiu permanecer dentro do elevador para garantir que as câmeras registrassem tudo. Ela relatou que Igor chegou a afirmar que ela não sairia viva dali. A decisão de permanecer no local com câmeras, segundo a delegada do caso, pode ter sido determinante para salvar sua vida.

Juliana descreveu por escrito o ocorrido

As lesões deixadas pela violência foram tão graves que o médico responsável pela reconstrução facial de Juliana comparou o estado dela ao de uma vítima de acidente de trânsito sem capacete. A cirurgia, que duraria quatro horas, levou quase sete e envolveu a reconstrução de ossos na mandíbula, no nariz, no olho direito e na maçã do rosto. Apesar do trauma físico, a equipe médica descartou risco de danos neurológicos, mas o acompanhamento seguirá por pelo menos dois meses, com foco também na reabilitação estética e emocional.

Durante os primeiros dias de internação, Juliana não conseguia falar e precisou se comunicar por gestos e por escrito. Em um dos bilhetes entregues à polícia, ela confirmou que permaneceu no elevador por medo de ser agredida fora do campo das câmeras e relatou a grave intenção do agressor: “Ele começou a me bater e disse que ia me matar“. O relato reforça a tese da tentativa de feminicídio, crime pelo qual Igor está sendo investigado. A Justiça decretou sua prisão preventiva no dia seguinte ao crime, e ele foi transferido para um presídio da capital potiguar.

Delegada-Geral se pronunciou sobre o caso

Segundo suas advogadas, ela acredita que está recomeçando a vida agora e quer que seu caso sirva de alerta para outras mulheres em relacionamentos abusivos. A delegada-geral do estado classificou o crime como um retrocesso inaceitável na luta contra a violência de gênero e fez um apelo para que vítimas denunciem seus agressores antes que seja tarde.