A mineira Carolina Arruda, 27 anos, de Bambuí (MG), vive há mais de uma década com uma dor intensa causada pela neuralgia do trigêmeo, conhecida como “a pior dor do mundo”. A condição afeta o nervo responsável por transmitir sensações da face ao cérebro e, no caso dela, atinge os dois lados do rosto de forma contínua. A jovem, que já passou por inúmeras tentativas de tratamento, será submetida em 13 de agosto a um procedimento inédito na Santa Casa de Alfenas (MG), envolvendo sedação profunda.
Durante o procedimento, Carolina ficará sedada e sob monitoramento na UTI por até cinco dias, recebendo doses controladas de cetamina. Tradicionalmente usada como anestésico, a substância tem se mostrado promissora no controle de dores crônicas e casos graves de depressão. A expectativa é “reiniciar” a resposta do cérebro à dor e aumentar a eficácia de medicamentos que antes não surtiam efeito.
Segundo o médico Carlos Marcelo de Barros, a cetamina bloqueia receptores que amplificam os sinais de dor no sistema nervoso. Ele reforça que o método deve ser realizado apenas em ambiente hospitalar, devido aos riscos de alterações na pressão, frequência cardíaca e respiração. Estudos indicam que a técnica pode reduzir a dor, diminuir o uso de opioides e melhorar o humor, mas é indicada apenas para casos extremos.
Uma última tentativa
A decisão pela sedação profunda veio após seis cirurgias e mais de 50 medicamentos testados, sem qualquer resultado satisfatório. Carolina afirma já ter consultado mais de 70 médicos e relata viver com uma dor ininterrupta, comparada a choques e pontadas, que pode ser agravada até por um simples vento no rosto.
Jovem busca alívio da ‘pior dor do mundo’
Sem garantias de sucesso, ela encara o procedimento como uma chance de obter, ainda que temporariamente, algum alívio. “Quando se vive com uma dor que nunca desliga, qualquer possibilidade de paz já é um grande alívio”, disse. A jovem agora se prepara para a data marcada, na esperança de encontrar um respiro em meio à “tortura invisível” que enfrenta todos os dias.
