Influenciadoras mãe e filha são condenadas pela Justiça brasileira após vídeo polêmico viralizar

O vídeo alcançou grande repercussão nas redes, onde as duas acumulavam mais de 13 milhões de seguidores.

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A Justiça do Rio de Janeiro condenou as influenciadoras digitais Kerollen Vitoria Cunha Ferreira e Nancy Gonçalves Cunha Ferreira, mãe e filha, a 12 anos de prisão em regime fechado por injúria racial. A decisão foi proferida nesta segunda-feira (19) pela juíza Simone de Faria Feraz, da 1ª Vara Criminal de São Gonçalo. O caso teve origem em um vídeo no qual elas entregaram uma banana e um macaco de pelúcia a duas crianças negras, de 9 e 10 anos, expondo-as à humilhação pública.

A juíza classificou o episódio como uma “monstruosidade”, destacando o impacto do chamado racismo recreativo. Segundo ela, o crime foi consumado com a publicação e divulgação do vídeo, quando as vítimas foram ridicularizadas diante de milhões de pessoas. A magistrada enfatizou que as rés criaram conteúdo humilhante, reforçando estereótipos racistas e explorando as reações inocentes das crianças para gerar engajamento nas redes sociais.

Repercussão e defesa das influenciadoras

O vídeo alcançou grande repercussão nas redes, onde as duas acumulavam mais de 13 milhões de seguidores, especialmente no TikTok. Após críticas massivas, o conteúdo foi removido. Em depoimento, Kerollen e Nancy alegaram que ajudavam as famílias das crianças e que a gravação seguia uma trend da internet. Negaram ter cometido racismo e disseram não conhecer o conceito de racismo recreativo.

A magistrada rejeitou as alegações, afirmando que em tempos de amplo acesso à informação seria impossível alegar desconhecimento. Em sua decisão, ela apontou que as influenciadoras “animalizaram” as crianças ao associá-las a objetos racistas e ainda riram de sua inocência. Para a juíza, a postura das rés remete à lógica de “senhores de engenho”, ao tentarem minimizar a gravidade do ato e transferir responsabilidades.

Condenação e próximos passos

Além da pena de 12 anos de prisão, mãe e filha foram condenadas ao pagamento de R$ 20 mil para cada vítima, totalizando R$ 40 mil em indenizações. A defesa das rés declarou respeito à decisão, mas considerou a sentença injusta. Ela anunciou que recorrerá ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, buscando a absolvição das influenciadoras. Enquanto aguardam o julgamento do recurso, as duas poderão responder em liberdade, porém estão proibidas de publicar conteúdos semelhantes em suas redes sociais.