Luis Fernando Verissimo morreu neste sábado (30), em Porto Alegre, aos 88 anos. O Hospital Moinhos de Vento confirmou a informação. O escritor estava internado desde agosto por conta de uma pneumonia que se agravou. Nos últimos anos, enfrentou sérios problemas de saúde, como uma cirurgia na mandíbula em 2020 e um AVC em 2021, que afetou sua capacidade cognitiva, mas não sua lucidez.
Autor de mais de 70 livros, o filho de Erico Verissimo só começou a escrever aos 30 anos. Ficou famoso com personagens como o Analista de Bagé e a Velhinha de Taubaté, além das crônicas que revelavam o cotidiano brasileiro com humor crítico.
Da crônica ao fenômeno cultural
Seu primeiro livro, O Popular (1973), abriu caminho para sucessos como Ed Mort e Outras Histórias e, mais tarde, O Analista de Bagé (1981), que esgotou a tiragem em dois dias. Nos anos 1990, suas crônicas ganharam a TV com Comédia da Vida Privada, roteirizada por Jorge Furtado e dirigida por Guel Arraes. Sempre atento à política, manteve a escrita mesmo sob censura, quando recorria a cartuns como forma de driblar a repressão.
Mesmo avesso aos rótulos, tornou-se uma das raras unanimidades no Brasil. Para o professor Elias Thomé Saliba, da USP, Verissimo era “o cronista mais popular do país, aquele que diz o que o leitor quer falar, mas não consegue”. Sua obra atravessou gerações, ora em jornais, ora em best-sellers, sempre com frases curtas, irônicas e certeiras.
O legado imortal
Em 2024, o documentário Verissimo, exibido no Mubi, retratou seu cotidiano e o olhar sempre afiado para a vida. Ao longo da carreira, o escritor enfrentou outro desafio curioso: os “falsos Verissimos” da internet, quando frases de autores anônimos eram atribuídas a ele. Sobre isso, brincava: “O que posso dizer? Melhor não decepcionar”.
