Incêndio expõe denúncias de maus-tratos e negligência em casa de recuperação onde 5 pessoas perderam a vida

Investigação apura denúncias de irregularidades em clínica de reabilitação, onde cinco pessoas faleceram em incêndio.

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Um incêndio em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos no Paranoá, Distrito Federal, deixou cinco mortos e 11 feridos na madrugada de domingo (31/8). A tragédia expôs uma série de denúncias contra o Instituto Terapêutico Liberte-se, incluindo maus-tratos e o uso de medicamentos sem prescrição médica. O caso levantou questionamentos sobre a segurança e a legalidade do funcionamento da unidade.

Durante coletiva de imprensa, o delegado Bruno Carvalho, da 6ª DP, afirmou que internos relataram agressões e administração de remédios de forma irregular. Ele destacou ainda a ausência de profissionais capacitados para o acompanhamento dos pacientes. Testemunhas relataram que não havia médicos, técnicos de enfermagem ou psicólogos na clínica, o que agrava a suspeita de negligência no tratamento oferecido aos internos.

Irregularidades sob investigação

A Polícia Civil do DF apura as causas do incêndio e as denúncias contra a administração da clínica. O diretor do instituto, Douglas Costa de Oliveira Ramos, de 33 anos, admitiu que o local funcionava sem alvará expedido e sem licenciamento do Corpo de Bombeiros. Documentos apresentados pela empresa se referiam a outra chácara, a 500 metros do local da tragédia, que possuía autorização válida até 2025. A constatação reforça os indícios de irregularidade e falta de fiscalização adequada.

Relatos de famílias indignadas

Familiares das vítimas denunciaram descaso e omissão por parte da administração. Um irmão de interno afirmou que funcionários recorriam a amarras e agressões físicas e psicológicas. Outro familiar relatou que não foi informado sobre o incêndio e só tomou conhecimento do ocorrido pela manhã, criticando a postura da clínica, que teria minimizado os fatos em mensagens a parentes. Após o incêndio, os pacientes foram liberados para ir para casa com a orientação de não comentar o caso.

As autoridades seguem investigando tanto as responsabilidades pela tragédia quanto as condições de funcionamento da clínica. Duas vítimas permaneciam internadas no Hospital da Região Leste e sete no Hospital Regional da Asa Norte, enquanto duas já receberam alta. As vítimas fatais foram identificadas como Darley Fernandes de Carvalho, José Augusto Rosa Neres, João Pedro Costa dos Santos Morais, Daniel Antunes Miranda e Lindemberg Nunes Pinho.