A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, em ação conjunta com a Polícia Civil de Pernambuco, prendeu nesta terça-feira (16) um hacker de 26 anos apontado como o “pilar técnico” de uma rede criminosa nacional. O suspeito, chamado de “a fonte”, invadia sistemas governamentais e repassava dados estratégicos para intermediários que revendiam o acesso em painéis clandestinos. A investigação faz parte da terceira fase da Operação Medici Umbra.
Segundo a polícia, o hacker alegava ter extraído 239 milhões de chaves Pix em um arquivo de 460 GB, obtido a partir do sistema do Judiciário (Sisbajud). Ele também dizia ter acesso ao Serpro, ao Sinesp e até a um dos sistemas de inteligência mais sensíveis do país, incluindo investigações da Polícia Federal, reconhecimento facial e dados de voos nacionais e internacionais.
Conexões com ameaças ao youtuber Felca
As apurações começaram após ataques contra médicos no Rio Grande do Sul e revelaram ligações com outro criminoso já preso: Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 22 anos. Ele ficou conhecido por ameaçar o youtuber Felipe Bressanim Pereira, o Felca, após a publicação de um vídeo-denúncia sobre exploração de crianças na internet. Ao lado de Paulo Vinícios Oliveira Barbosa, Cayo invadia sistemas de secretarias de segurança e vendia informações sigilosas.
Cayo, monitorado desde 2024, foi identificado como líder de um grupo que chantageava meninas menores de idade. As vítimas eram obrigadas a se expor em transmissões ao vivo, submetidas a humilhações, automutilação e situações classificadas pela polícia como estupro virtual. Algumas tinham apenas 7 e 8 anos.
Polícia aponta rede estruturada
Mais de 50 agentes participaram da operação em quatro estados. Segundo a Polícia Civil do RS, a participação dos três presos é “incontestável”, e o grupo mantinha uma rede organizada de estelionato eletrônico, falsificação de documentos e exploração criminosa na internet.
