O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, que teve “uma química excelente” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após um rápido encontro nos bastidores. Os dois se cumprimentaram na saída e entrada do plenário e concordaram em realizar uma reunião bilateral na semana seguinte, já confirmada pelo governo brasileiro. Os discursos ocorreram em sequência, mantendo a tradição de abertura do Brasil na Assembleia.
Trump detalhou a cena ao relatar que se encontraram por cerca de 20 segundos, com um breve abraço e troca de impressões. O republicano disse ter achado Lula “um homem muito agradável” e afirmou que houve sintonia imediata. “Na verdade, ele gostou de mim, eu gostei dele. Só faço negócios com pessoas de que eu gosto”, reforçou, em referência ao seu estilo de negociação. O tom amistoso contrastou com as recentes tensões comerciais entre Washington e Brasília.
Tarifas de 50% e críticas de Trump ao Brasil
No pronunciamento, Trump voltou a justificar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, adotada em julho. Segundo ele, a medida responde a “interferências” e a práticas de repressão política atribuídas ao Brasil. A reação foi imediata: o Supremo Tribunal Federal contestou as acusações, e o ministro Luís Roberto Barroso afirmou em carta que a decisão americana decorre de “compreensão imprecisa dos fatos”. Lula, em seu discurso, também defendeu a solidez democrática brasileira, citando a condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado como prova da força institucional.
O presidente brasileiro frisou que “a democracia e a soberania do país são inegociáveis”, sinalizando firmeza diante da política externa de Trump. Ele também destacou o compromisso do Brasil em proteger suas instituições, mesmo em meio a disputas comerciais e críticas vindas da Casa Branca.
Agenda bilateral e próximos passos entre EUA e Brasil
O encontro entre Lula e Trump, confirmado para a semana seguinte, ocorre em clima de cautela. Segundo interlocutores em Brasília, a reunião deve tratar diretamente da sobretaxa de 50% e de temas políticos levantados pelo americano na ONU. Esta é a primeira visita oficial de Lula aos Estados Unidos desde o retorno de Trump ao poder, em janeiro de 2025. A expectativa é que a conversa busque pontos de convergência e abra canais de negociação após os discursos em Nova York.
