O avanço das superbactérias é considerado um dos maiores desafios da saúde mundial, podendo superar em mortalidade o câncer e as doenças cardiovasculares nas próximas décadas. O alerta foi feito pelo infectologista David Uip em entrevista ao Alt Tabet, no Canal UOL. Segundo ele, trata-se de uma pandemia silenciosa, ainda pouco percebida pela sociedade.
As superbactérias são microrganismos resistentes a antibióticos, resultado do uso excessivo ou incorreto desses medicamentos. Uip afirmou que, caso nada seja feito, até 2050 cerca de 38 milhões de pessoas morrerão por infecções multirresistentes. Esse número, segundo ele, será maior que as mortes causadas por câncer e doenças cardíacas.
De acordo com o especialista, metade dos antibióticos receitados em hospitais são administrados de forma inadequada. O problema se agrava no agronegócio, onde o uso de antibióticos em animais também contribui para a resistência bacteriana.
O perigo das superbactérias
David Uip explicou que, no setor agropecuário, antibióticos são usados especialmente em aves para estimular crescimento e prevenir doenças. Ele destacou que a prática precisa ser conduzida com racionalidade e métodos adequados. O médico também ressaltou que a automedicação é outro fator que potencializa a resistência bacteriana.
Segundo ele, esse conjunto de falhas leva a um cenário de multirresistência cada vez mais grave. Para conter o problema, Uip defende medidas coordenadas que envolvem desde políticas públicas até a responsabilidade individual no uso dos medicamentos.
O aumento dos casos de Covid-19
O médico também chamou atenção para a retomada do crescimento de casos graves de Covid-19 no Brasil. Apesar disso, ele afirmou que o tema praticamente desapareceu das discussões públicas. Uip ressaltou que a doença continua a representar riscos sérios, especialmente para idosos e pessoas com doenças crônicas.
Dados do Ministério da Saúde apontam que, até 22 de setembro de 2025, foram registrados 307.928 casos e mais de 2 mil mortes pela doença. Segundo o médico, a vacinação continua sendo o principal fator de proteção, reduzindo significativamente a letalidade.
