Por muitos anos, o omeprazol foi considerado um aliado indispensável para proteger o estômago, sendo usado por milhões de pessoas diariamente antes das refeições. No entanto, a visão médica sobre o medicamento mudou com o avanço das pesquisas. Hoje, os especialistas alertam que seu uso prolongado pode causar efeitos indesejáveis e que ele não deve ser consumido de forma contínua sem acompanhamento médico.
Pertencente ao grupo dos inibidores da bomba de prótons (IBPs), o omeprazol age reduzindo a produção de ácido no estômago. Além dele, fazem parte da mesma categoria medicamentos como o pantoprazol, esomeprazol e lansoprazol. Segundo a gastroenterologista Débora Poli, do Hospital Sírio-Libanês, o uso desses remédios deve ser criterioso, já que interferem diretamente no equilíbrio ácido do organismo.
Omeprazol pode indicar risco para a saúde
Quando foi lançado, o omeprazol revolucionou o tratamento de doenças como úlcera e refluxo. No entanto, o oncologista Raphael Brandão, diretor da Clínica First, destaca que o medicamento acabou sendo banalizado. Muitas pessoas passaram a utilizá-lo por longos períodos sem reavaliação médica, o que ele chama de “inércia terapêutica” — o hábito de continuar um tratamento sem necessidade real.
De acordo com Karoline Soares Garcia, da Federação Brasileira de Gastroenterologia, o uso prolongado pode prejudicar a absorção de nutrientes como ferro, cálcio, magnésio e vitamina B12, causando anemia, fraqueza, cãibras e osteopenia. Além disso, estudos associam o uso contínuo a infecções intestinais, doença renal crônica e crescimento de bactérias no intestino delgado.
Medicamento ainda pode ser essencial para determinados pacientes
Mesmo com os alertas, especialistas ressaltam que o omeprazol ainda é indispensável em alguns casos, como no tratamento do esôfago de Barrett, esofagite eosinofílica e para quem precisa de proteção gástrica por uso prolongado de anti-inflamatórios. O segredo está no equilíbrio e na prescrição adequada.
