A madrugada desta quarta-feira (29) foi marcada por uma das cenas mais impactantes da história do Rio de Janeiro. Moradores do Complexo da Penha levaram dezenas de corpos para a Praça São Lucas após a operação policial que se tornou a mais letal já registrada no estado.
Segundo relatos, ao menos 70 vítimas foram retiradas de áreas de mata entre os complexos do Alemão e da Penha, onde o confronto ocorreu. O presidente da associação de moradores, Eriberto Leão, informou que durante a madrugada levou seis corpos em uma kombi até o Hospital Getúlio Vargas, enquanto outros 64 foram removidos pela manhã.
Corpo sem cabeça e extrema violência
Entre as vítimas da operação, há quatro policiais e dezenas de suspeitos de envolvimento com o Comando Vermelho. A advogada Flávia Fróes, que acompanhou a retirada dos corpos, afirmou que muitos apresentavam tiros na nuca, facadas e ferimentos nas pernas. O cenário, descrito por defensores de direitos humanos como “um massacre”, levou entidades a pedirem à Comissão Interamericana de Direitos Humanos a presença de peritos internacionais no Rio.
Imagens registradas na praça mostram corpos sendo retirados de caçambas com a ajuda de moradores e pessoas em situação de rua. Crianças presenciaram a cena, e um menino de cerca de 9 anos ajudou na remoção de um dos cadáveres. Entre as vítimas, um corpo foi encontrado decapitado — a cabeça teria sido levada dentro de uma sacola.
Mortos enfileirados e cenas de horror mobilizam moradores
Mulheres choraram e se abraçaram diante da pilha de corpos cobertos por lençóis. De acordo com o ativista Raull Santiago, a exposição foi um pedido das próprias famílias, que queriam mostrar em público as condições em que as vítimas foram encontradas. Segundo Santiago, os corpos retirados durante a madrugada ainda não estão incluídos na contagem oficial de mortos divulgada pelo governo estadual. A operação, realizada na última terça-feira (28), tinha como alvo o Comando Vermelho e pretendia cumprir 69 mandados de prisão em 180 endereços.
