Debaixo de forte chuva, dezenas de famílias aguardaram por dias a liberação dos corpos das vítimas da megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, ocorrida na última terça-feira (28).
A ação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro resultou em dezenas de mortes, e o Instituto Médico Legal (IML) ficou lotado de parentes vindos de diferentes estados do país, como Pará, Amazonas e Goiás. Até a tarde desta sexta-feira (31), 89 corpos já haviam sido liberados, mas o clima era de indignação e dor entre os familiares.
Declaração de familiares de mortos em megaoperação
Muitos reclamaram da demora e da burocracia no processo de reconhecimento, pedindo mais respeito e dignidade durante o atendimento. As famílias se revezavam na porta do IML em meio à chuva e ao cansaço, tentando lidar com a perda e as dificuldades para realizar os trâmites necessários.
Mesmo em meio à tragédia, várias pessoas afirmaram que não negam o envolvimento de alguns parentes com o crime, mas pediram que o Estado aja com justiça e humanidade.
Tia de morto desabafa em entrevista
Entre as histórias emocionantes, estava a de Josélia Calixta, tia de Gustavo, de 24 anos. “Meu sobrinho deixa 3 filhos, um deles um bebê de 7 meses”, disse. Ela também contou que o sobrinho havia dito recentemente que queria abandonar a criminalidade e recomeçar a vida, especialmente após o desaparecimento do irmão.
Para Josélia, não havia necessidade de uma ação tão violenta. A família passou toda a madrugada entre a terça (28) e a quarta-feira (29) à procura do rapaz. Somente no dia seguinte, o corpo foi encontrado na Praça São Lucas, na Penha.
