A paraense Tauã Brito recebeu uma mensagem do filho, Wellington Brito, de 20 anos, pedindo ajuda enquanto estava encurralado na Mata da Vacaria, no Complexo da Penha, durante a megaoperação policial que também atingiu o Alemão. “Mãe, vem me buscar”, escreveu o jovem.
Ela correu até o local levando documentos, acreditando que conseguiria convencê-lo a se render, mas foi impedida pelos agentes. Horas depois, encontrou o corpo do filho já sem vida, com ferimento na cabeça.
Durante a tentativa de aproximação, Tauã gritou aos policiais: “Sou mãe! Se tiver que levar preso, leva, mas não mata!”. A operação, considerada a mais letal do estado, deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais. Segundo a mãe, Wellington se refugiou na mata e não teve chance de se entregar.
Relato de mãe nos complexos do Alemão e da Penha
Aos repórteres, a mãe disse não endossar as escolhas do filho e afirmou ser microempreendedora, responsável pela venda de bolos e doces para sustentar os dois filhos. A mãe declarou que orientava Wellington a assumir responsabilidades e a evitar reações impulsivas. Ela também afirmou compreender a dor das famílias dos quatro policiais falecidos durante a operação, fazendo referência ao luto de ambos os lados do episódio.
Dor, luto e reconhecimento
Após a ação, Tauã aguardou dias na porta do Instituto Médico-Legal para liberar o corpo e realizar o sepultamento, concluído na sexta-feira. Ela contou que precisou viajar de Belém ao Rio com ajuda financeira de amigos para reconhecer o filho.

O relato reúne o momento do pedido de socorro, as tentativas frustradas de aproximação e o longo processo até o enterro, que simboliza o drama vivido por dezenas de famílias afetadas pela operação mais sangrenta já registrada no estado.
