Entre as famílias que se aglomeraram na porta do Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro desde a quarta-feira (30) da semana passada, está a de Thiago Pareto Barbosa, morto durante confrontos em operações policiais. A mãe dele deu entrevista ao jornal O Globo e preferiu não se identificar. A mulher vive o luto e a culpa por um filho que escolheu o crime após uma juventude promissora.
Em entrevista, ela relatou que não via Thiago há oito anos, que escolheu a vida atuando como integrante de uma facção criminosa quando tinha 20 anos. Segundo a mulher, ele pediu que a família se afastasse de sua rotina no tráfico, para que não respingasse neles. A mãe afirmou que ele estudou, trabalhou e teve oportunidades, mas acabou seguindo por outro caminho.
Mulher mudou de comunidade
Moradora da Vila da Penha, a mulher decidiu mudar-se para Benfica depois do domínio do Comando Vermelho. O filho, no entanto, optou por permanecer na comunidade. “Eu tenho certeza de que foi influência dos amigos e dessa ilusão de vida fácil. Essas promessas de dinheiro, de poder, de respeito, que, no fim, não passam de um engano”, declarou, emocionada.
Foto do filho morto
O reencontro com o corpo do filho foi devastador. A mulher contou que reconheceu Thiago por uma foto enviada por um conhecido da antiga vizinhança. “Oito anos sem ver meu filho — e agora só o reconheço numa foto dele morto. Naquela hora, tudo o que eu consegui fazer foi vir para cá (o IML)”, disse.
A história da mãe de Thiago expõe a face mais dolorosa da violência urbana no Rio de Janeiro: famílias que perdem seus filhos para o crime e convivem com o peso da impotência. Enquanto buscam respostas e conforto, restam a lembrança de quem foi e o arrependimento pelo que não pôde ser mudado.
