Bolsonaro completa 100 dias de prisão domiciliar e detalhes de rotina vêm à tona

Ex-presidente completou 100 dias em prisão domiciliar e reclusão segue em residência em Brasília.

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Passados cem dias desde o início da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, completados nesta terça-feira (11), o ex‐mandatário permanece em reclusão em sua residência no Jardim Botânico, em Brasília. Ele está monitorado por tornozeleira eletrônica e proibido de usar redes sociais ou receber visitas sem autorização judicial. O cotidiano, completamente restrito, foi marcado por crises de saúde, tentativas de reconexão com aliados e a construção de uma narrativa de perseguição que unifica sua base.

O regime de restrição judicial

A decisão que impôs o regime domiciliar foi assinada em 4 de agosto pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após Bolsonaro descumprir medidas cautelares que impediam sua comunicação política. Desde então, a saída da casa só é permitida em emergências médicas ou com autorização expressa do ministro. Nos primeiros dias, familiares puderam visitar sem aval novo, e o ex-presidente recebeu, entre outros, o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e o então presidente da Câmara Arthur Lira. A polícia penal do Distrito Federal intensificou a vigilância e as inspeções de veículos.

Na mesma decisão, Moraes proibiu o contato de Bolsonaro com embaixadores, autoridades estrangeiras e investigados nos processos sobre o 8 de Janeiro e a tentativa de golpe, além da proibição de uso direto ou indireto de redes sociais. O descumprimento dessas regras, segundo o magistrado, motivou a prisão domiciliar.

Vida privada vs. controle público

Apesar das restrições severas, tornozeleira, proibição de rede social, visitas regulamentadas, a defesa de Bolsonaro segue sustentando que ele tem colaborado com a Justiça e pede revisão do regime domiciliar alegando desproporção. Até o momento, Moraes não se manifestou sobre os novos pedidos. O conflito entre vida privada e controle público permanece no centro do embate político, enquanto aliados transformam o cotidiano doméstico do ex-presidente em símbolo de uma suposta perseguição institucional.

O impacto político desses 100 dias vai além da situação individual de Bolsonaro: reforça no ambiente parlamentar e nas bases eleitorais do Partido Liberal (PL) o discurso de que o ex-presidente é alvo de um aparato jurídico-político. Essa narrativa fortalece coesão interna, motiva mobilizações e pressiona por revisões de regime — indicando que o episódio deixa marcas duradouras no tabuleiro político nacional.