Lula perde terreno: aprovação cai e desaprovação chega a 50%, aponta nova pesquisa

Levantamento com 2.004 entrevistas indica freio na tendência de melhora e mudanças por renda, gênero e religião.

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A série de quatro meses de melhora na avaliação do governo federal perdeu fôlego, segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (12). O levantamento mostra 50% de desaprovação e 47% de aprovação ao governo Lula (PT), quadro considerado empate técnico pela margem de erro de dois pontos percentuais.

A sondagem foi encomendada pela Genial Investimentos, ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais entre 6 e 9 de novembro e tem nível de confiança de 95%. No comparativo com outubro, a desaprovação oscilou um ponto para cima e a aprovação, um ponto para baixo.

Desde julho, os indicadores vinham caminhando em direção favorável ao governo, com aprovação em leve alta e desaprovação em leve baixa dentro da margem. Em novembro, a tendência se inverteu e o empate técnico foi mantido pelo segundo mês.

A diferença entre desaprovação e aprovação passou de um para três pontos. A Quaest atribui a inflexão ao tema da segurança pública e às repercussões de eventos recentes. No eleitorado independente, que em outubro registrou empate técnico (46% aprovam e 48% desaprovam), a desaprovação voltou a superar a aprovação em novembro (52% a 43%), com margem de erro de quatro pontos no segmento. “Se o tarifaço mudou a trajetória da aprovação a favor do Lula, a pauta da segurança pública interrompeu a lua de mel tardia do governo com o eleitorado independente”, afirma Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Segurança pública e impacto no eleitorado independente

De acordo com a pesquisa, 67% dos entrevistados aprovam a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. O levantamento também aponta que 57% discordam de Lula sobre operação no Rio ter sido desastrosa. A preocupação da população com a violência subiu de 30% para 38% no intervalo recente. Ainda segundo a Quaest, 45% avaliam que o presidente saiu mais forte após o encontro com o presidente americano Donald Trump, indicador que se soma ao conjunto de fatores avaliados no mês.

Os recortes por perfil mostram oscilações relevantes. Entre as mulheres, houve retorno ao empate técnico: 51% aprovam e 46% desaprovam o governo, após vantagem da aprovação em outubro; a margem de erro no segmento é de três pontos.

Entre católicos, também voltou o empate técnico, com 50% de aprovação e 47% de desaprovação.

Já na renda, a avaliação piorou acima de dois salários mínimos. Entre quem recebe mais de cinco salários mínimos, 56% desaprovam e 42% aprovam (margem de erro de quatro pontos). No grupo de mais de dois até cinco salários mínimos, a desaprovação passou a 53%, ante 45% de aprovação (margem de erro de três pontos). As variações regionais ficaram dentro ou no limite da margem de erro em relação a outubro.

Avaliação por renda, gênero e religião

Na avaliação geral do governo, houve leve oscilação: 31% classificam como positivo (eram 33% em setembro), 38% como negativo (eram 37%) e 28% como regular (eram 27%); 3% não souberam ou não responderam.

Os indicadores de aprovação e desaprovação estão tecnicamente empatados pelo segundo mês consecutivo. No histórico recente, entre fevereiro e setembro a desaprovação se manteve acima da aprovação, com pico em maio, quando 17 pontos separavam avaliações negativas (57%) das positivas (40%).

Em dezembro de 2024, o cenário era inverso, com aprovação maior (52% contra 47% de desaprovação). Segundo a Quaest, a pauta da segurança pública, somada à leitura sobre a megaoperação no Rio e a percepção pós-encontro com Donald Trump, compõe o contexto que ajudou a interromper a trajetória de melhora observada desde julho.