Imóveis, bitcoin e dinheiro em espécie: fortuna de Carlos Bolsonaro é de causar inveja em qualquer milionário

Vereador do PL-RJ informou contas nos EUA, ações, criptomoedas, imóveis e foi alvo de apurações do MPRJ.

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O patrimônio declarado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) à Justiça Eleitoral passou por uma revisão significativa em 2024 e chegou a R$ 1.982.689,43, quase três vezes o valor informado inicialmente. A atualização ocorreu após questionamentos sobre inconsistências na primeira versão da declaração, entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O documento mais recente mostra que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro distribui seus recursos entre aplicações em renda fixa, imóveis, veículos, participação societária e ativos no exterior, além de criptomoedas. Carlos Bolsonaro é vereador no Rio de Janeiro e tem a intenção de disputar uma vaga no Senado por Santa Catarina no próximo ano.

De acordo com a declaração retificada, a maior fatia do patrimônio do parlamentar, cerca de R$ 528 mil, está aplicada em renda fixa. O documento informa ainda dois apartamentos com valor somado de R$ 265 mil, três veículos avaliados em R$ 102 mil e R$ 15 mil em espécie.

No exterior, o vereador declarou manter R$ 287,5 mil em contas nos Estados Unidos, além de uma carteira de ações que inclui companhias como Coca-Cola e McDonald’s. Em ativos digitais, Carlos Bolsonaro registrou R$ 13 mil em bitcoin. A lista de bens passou a incluir também participações em empresas, entre elas a W.F Advisory, que não constava na primeira versão da declaração enviada à Justiça Eleitoral.

Retificação quase triplica patrimônio declarado por Carlos Bolsonaro

A transparência sobre o patrimônio, segundo reportagem do NDmais citada pelo Correio, só foi ampliada após uma retificação. A primeira declaração de 2024 indicava bens que totalizavam R$ 687 mil, valor inferior aos R$ 1,25 milhão recebidos previamente por Carlos Bolsonaro com a venda de dois imóveis.

A diferença levantou dúvidas sobre a compatibilidade entre as transações imobiliárias e o patrimônio declarado. A omissão da empresa W.F Advisory e a subavaliação de alguns ativos levaram à revisão dos dados, resultando no valor final de R$ 1,98 milhão informado ao TSE. Com a correção, o montante declarado praticamente triplicou em relação ao documento original.

As movimentações financeiras do vereador também foram alvo de apuração do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), em investigação que abrangia suspeita de esquema de ‘rachadinha’. Os promotores analisaram operações com grandes quantias em dinheiro vivo, como a compra de um apartamento na Tijuca por R$ 150 mil pagos em espécie.

Outro episódio mencionado nos documentos do MP envolveu a aquisição de um imóvel em Copacabana por R$ 70 mil. De acordo com a apuração, Carlos Bolsonaro acessou um cofre conjunto com o irmão, o senador Flávio Bolsonaro, horas antes de um depósito de R$ 60 mil em espécie ser realizado na conta do vendedor do imóvel.

Arquivamento parcial e denúncia de ex-assessores por peculato e lavagem

Em setembro de 2024, o MPRJ pediu o arquivamento das investigações em relação a Carlos Bolsonaro, sob o argumento de que não foram encontradas provas que o ligassem a um crime-fonte. Na mesma decisão, porém, a Promotoria apresentou denúncia contra sete ex-assessores do gabinete do vereador por peculato e lavagem de dinheiro.

A acusação descreve um esquema que teria funcionado entre 2005 e 2021, baseado em “funcionários fantasmas” que eram coagidos a devolver parte dos salários recebidos da Câmara Municipal do Rio. Dados da folha de pagamento da Casa indicam que cinco dos sete denunciados continuam formalmente vinculados ao gabinete, entre eles o chefe de gabinete Jorge Luiz Fernandes, apontado pelo Ministério Público como operador financeiro do esquema.