‘Não consegue sair de casa’: Sandrão entra na Justiça contra série Tremembé e pede fortuna de indenização

Ex-detenta alega mentiras no enredo da produção e afirma sofrer ameaças após lançamento; ação tramita em Mogi das Cruzes

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Sandra Regina Ruiz Gomes, conhecida publicamente como Sandrão, iniciou uma disputa judicial contra a Amazon devido à série “Tremembé”, lançada recentemente na plataforma de streaming da empresa. A ação, que corre na 1ª Vara Cível da Comarca de Mogi das Cruzes, solicita uma indenização de R$ 3 milhões por danos morais, uso não autorizado de imagem e supostos excessos na liberdade de expressão. A defesa da autora argumenta que a produção audiovisual disseminou inverdades sobre sua trajetória e sobre o crime pelo qual foi condenada, prejudicando seu processo de ressocialização e expondo-a a novos riscos.

Nos documentos apresentados ao Tribunal de Justiça de São Paulo, Sandrão afirma que não concedeu permissão para a utilização de sua imagem na obra e que apenas tomou conhecimento do projeto através de notícias na imprensa. A principal queixa refere-se à maneira como seu envolvimento em um delito ocorrido em 2005 foi retratado na ficção. Segundo a ex-detenta, a narrativa da série distorce a realidade ao colocá-la como a mentora intelectual do crime, uma caracterização que ela contesta com base nos autos do processo original e que agrava sua imagem pública.

Divergências sobre o caso

A condenação de Sandra refere-se à sua participação na privação de liberdade e no posterior falecimento de um adolescente de 14 anos. Embora a série exiba uma cena em que sua personagem entrega uma arma a um menor de idade para a execução do ato, a autora da ação nega veementemente que isso tenha acontecido. Ela sempre sustentou ter sido coagida a realizar as ligações de resgate sob grave ameaça. A sentença final foi de 24 anos, mas a representação na tela, segundo a defesa, atribui a ela uma liderança e ações diretas que não condizem com a verdade jurídica estabelecida nos tribunais.

Atualmente cumprindo pena em regime semiaberto desde 2015, Sandrão relata que a estreia da produção trouxe consequências severas para sua rotina em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo. O processo destaca que ela voltou a sofrer represálias e hostilidade na cidade onde tenta reconstruir sua vida. O texto da ação enfatiza o impacto social negativo sofrido pela autora: “Desde a estreia da produção, a autora não consegue sair de casa e teve seu direito cerceado”. O valor da indenização pleiteada leva em consideração o porte multinacional da empresa ré.

Bastidores da produção

Até o momento, a Amazon não apresentou defesa formal nos autos e, ao ser contatada, informou que não comenta processos judiciais em andamento. Este é o primeiro litígio movido por uma pessoa retratada em “Tremembé”, apesar dos esforços prévios da companhia para evitar problemas legais. Durante o desenvolvimento da série, uma equipe jurídica analisou os roteiros para mitigar riscos, especialmente em relação a outras condenadas notórias, como Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga, visando equilibrar a narrativa dramatúrgica com os fatos conhecidos e evitar violações de direitos.