Alexandre de Moraes se manifesta em meio à prisão de Bolsonaro e cita possibilidade de fuga: ‘altíssimo risco’

Ministro do Supremo determinou a prisão do ex-presidente depois de pedido da Polícia Federal.

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A ordem de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, tornada pública no sábado (22), ganhou novos desdobramentos após a divulgação de trechos da decisão assinada pelo ministro Alexandre de Moraes. O documento de 17 páginas aponta que a convocação de uma vigília na porta do condomínio onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar foi o principal elemento para a decretação da medida preventiva. A iniciativa partiu do senador Flávio Bolsonaro e gerou preocupação dentro da Polícia Federal, que avaliou risco imediato à ordem pública.

Na decisão, Moraes sustenta que a convocação não se tratava apenas de um ato de apoio, mas de uma repetição de práticas que já haviam motivado outras investigações envolvendo o ex-presidente. “Embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de ‘vigília’ para a saúde do réu Jair Bolsonaro, a conduta indica a repetição do modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu”, escreveu. O ministro reforça que manifestações desse tipo poderiam ter o objetivo de gerar instabilidade e atrair seguidores do ex-presidente em um momento considerado sensível.

Vigília representava risco, segundo Moraes

O texto também afirma que a suposta concentração de pessoas diante do condomínio poderia comprometer a segurança de agentes e civis, além de dificultar o cumprimento das medidas impostas anteriormente ao ex-presidente. “A eventual realização da suposta ‘vigília’ configura altíssimo risco para a efetividade da prisão domiciliar decretada e põe em risco a ordem pública e a efetividade da lei penal”, destacou Moraes.

O ministro afirmou também que havia risco de fuga. A avaliação levou o magistrado a considerar que a prisão preventiva era necessária para evitar danos maiores.

Defesa de Bolsonaro não se manifestou

A defesa de Bolsonaro ainda não se manifestou de forma detalhada sobre o teor da decisão, mas aliados têm criticado o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que a vigília tinha caráter pacífico.

Apesar disso, a PF informou que monitorava convocações nas redes sociais e observava risco de aglomeração em um local sensível, onde o próprio ex-presidente se recuperava de problemas de saúde e permanecia sob vigilância judicial.