‘Sempre procurou a mãe dele querendo amor’: prima desabafa sobre o jovem morto por leoa em João Pessoa

Em meio ao luto, Ícara Menezes falou a respeito de Gerson de Melo Machado.

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O relato sobre os últimos anos de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, ajuda a compreender a dimensão da vulnerabilidade que marcou sua vida até a morte trágica no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa.

A prima Ícara Menezes, uma das poucas pessoas que acompanharam parte de sua trajetória, descreveu um jovem que carregava, desde a infância, a necessidade constante de afeto e acolhimento, especialmente da mãe, com quem tentou manter vínculo apesar das dificuldades impostas pelo transtorno mental que ambos enfrentavam.

Prima fala sobre Vaqueirinho

A história de Gerson, conhecido como Vaqueirinho, começou a se desestruturar ainda criança, quando foi afastado da família após a mãe perder a guarda dos filhos. Enquanto os irmãos foram adotados, ele permaneceu em abrigos, muitas vezes rejeitado por causa dos sintomas psiquiátricos. A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que o acompanhou por anos, lembra que ele fugia repetidamente das instituições em busca da mãe, acreditando que poderia ser recebido por ela. O isolamento e a ausência de tratamento adequado agravaram seu quadro, levando-o a períodos longos nas ruas.

Sem apoio contínuo, Gerson buscava alternativas para sobreviver. Dormia em praças, pedia comida e, em momentos de medo, provocava detenções para conseguir abrigo seguro. A prima relata que ele temia ser agredido na rua e considerava a prisão um dos poucos lugares onde se sentia protegido. “Sempre procurou a mãe dele querendo amor, querendo carinho, querendo atenção”, desabafou Ícara.

O fim trágico de Gerson

Dois dias antes de morrer, Gerson havia procurado o Conselho Tutelar pedindo documentos para tirar carteira de trabalho. No domingo (30), escalou uma parede de mais de seis metros, passou pela grade de segurança e entrou no recinto dos leões da Bica, onde foi imediatamente atacado pela leoa Leona. Sozinho por grande parte da vida, Gerson teve apenas a mãe e a prima em seu sepultamento, um desfecho que reforça a trajetória marcada pela busca constante por carinho e pela falta de uma rede de proteção efetiva.