Idosa de 78 anos perde a vida tentando realizar um sonho muito desejado pelas mulheres

Maria Ribeiro Baptista, de 78 anos, passou mal dias após intervenção; suspeito não possuía licença para atuar e clínica funcionava sem alvará.

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Uma idosa de 78 anos faleceu após submeter-se a um procedimento estético facial em uma clínica localizada em Santa Isabel, na Grande São Paulo. O responsável pelo atendimento, um homem de 31 anos que se apresentava como biomédico, foi detido pela Polícia Civil na última sexta-feira (05).

As autoridades constataram que o suspeito não possuía a habilitação necessária junto ao conselho de classe para exercer a profissão, tampouco autorização para realizar intervenções invasivas ou prescrever medicamentos. O caso, que inicialmente foi tratado como morte suspeita, teve sua tipificação alterada pelas autoridades conforme o avanço das apurações e a coleta de evidências sobre a atuação do investigado.

A vítima, identificada como Maria Ribeiro Baptista, realizou a intervenção no dia 25 de novembro. Segundo informações apuradas, a família não tinha conhecimento prévio da decisão, exceto por uma das filhas que visualizou a confirmação do agendamento no celular da mãe na véspera do ocorrido.

Embora tenha sido orientada a cancelar o compromisso e consultar a outra irmã, que é médica, a idosa compareceu à clínica do suposto biomédico. Ao retornar para casa, apresentou hematomas na face e justificou as marcas alegando ter colidido o rosto contra um pilar. Apenas no dia seguinte, Maria confirmou aos familiares a realização do procedimento estético e o uso de dois fármacos entregues pelo homem: um corticoide e um analgésico.

Evolução clínica e falecimento

O quadro de saúde da paciente sofreu deterioração dois dias após a visita à clínica irregular. Maria começou a relatar dores intensas na região estomacal e episódios de vômito, sendo socorrida imediatamente por familiares e encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santa Isabel. Conforme os registros médicos, a idosa deu entrada na unidade de saúde já em parada cardiorrespiratória. As equipes de emergência realizaram diversas manobras de reanimação, mas a paciente não resistiu e faleceu. A causa exata do óbito ainda depende da conclusão dos laudos periciais solicitados pelas autoridades competentes para determinar o nexo causal.

A investigação conduzida pela delegacia local reclassificou o inquérito para homicídio doloso, modalidade em que se assume o risco de produzir o resultado letal. Em depoimento, o suspeito alegou que a idosa buscou o estabelecimento para realizar um “preenchimento de marionete”, técnica utilizada para suavizar linhas próximas ao queixo, ao custo de R$ 1.500. A polícia trabalha com a hipótese de aplicação de ácido hialurônico, embora mensagens trocadas durante o agendamento sugiram a contratação de fios faciais. A delegada responsável pelo caso, Regina Campanelli, destacou que o indivíduo não detinha competência legal para receitar remédios ou realizar tais procedimentos avançados.

Irregularidades e prisão do suspeito

Além da falta de registro no Conselho Regional de Biomedicina, o estabelecimento funcionava sem alvará sanitário ou licença técnica de funcionamento. Diante dos fatos apresentados, a Justiça expediu um mandado de prisão temporária válido por 30 dias, e o investigado entregou-se à Polícia Civil horas após a emissão da ordem.

Anteriormente, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na residência do homem e na clínica, onde foram recolhidos equipamentos e substâncias utilizadas nos atendimentos. O inquérito agora busca esclarecer como o falso profissional adquiria os produtos, visto que a compra desses materiais é restrita a profissionais devidamente habilitados.