Corria o ano de 1969. Tentando acabar com um incômodo jejum de títulos, que naquela altura se aproximava dos quinze anos, o Corinthians liderava o Campeonato Paulista e era apontado como favorito para levantar a taça. Uma fatalidade, porém, mudaria os rumos da competição e daria início a uma sequência de fatos que acirraria de vez a já conturbada relação entre palmeirenses e corintianos.
A trágica origem
Na noite de 28 de abril daquele ano, o clube do Parque São Jorge retornou à capital paulista após empatar com o São Bento, na cidade de Sorocaba, por 1 a 1. Dois dos titulares da equipe, o ponta esquerda Eduardo e o lateral direito Lidu resolveram ir a um restaurante, mas sofreram um acidente fatal após o defensor perder o controle de seu fusca na Marginal Tietê e jamais chegaram ao seu destino.
Com o prazo para inscrição de novos atletas já encerrado, restou à diretoria alvinegra recorrer à Federação Paulista de Futebol na tentativa de obter uma autorização para repôr o elenco. Foi marcada uma reunião com representantes de todos os clubes para deliberar sobre o pedido, que só seria aceito em caso de aprovação unânime.
Aberta a votação, todos votaram a favor da autorização, exceto um: exatamente o Palmeiras. Foi o estopim para que os corintianos começassem a chamar os rivais de “porcos”, em resposta ao que consideraram ser uma sujeira do adversário.
Há registros de que, no primeiro clássico disputado entre os dois clubes após o incidente, torcedores do Corinthians soltaram um porco no gramado do Morumbi, dando início à provocação que duraria mais de uma década.
Palmeiras abraça o porco
Os xingamentos, porém, chegariam ao fim na década de 80, mais precisamente no ano de 1986. Com o apoio dos torcedores, o Palmeiras adotou o porco como mascote, junto ao tradicional periquito. Após uma vitória sobre o Santos, em 29 de outubro daquele ano, pela primeira vez o grito de “dá-lhe, porco” ecoou pelas arquibancadas.
Na época, a revista Placar destacou o assunto em capa, com o meia Jorginho posando com um leitão nos braços. Quase cinco décadas depois de sua origem o porco, que um dia foi motivo de ofensa, está mais do que nunca incorporado à cultura do clube e da torcida alviverde.