O encarregado de obras da construtora OAS, Misael de Jesus Oliveira, revelou ao juiz federal Sérgio Moro, em um depoimento sobre o processo do sítio de Atibaia, nesta segunda-feira (18), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma cobrança em relação à propriedade. O recado de Lula chegou até ele através do caseiro "Maradona".
Conforme as informações declaradas por Misael, a ex-primeira dama, Marisa Letícia, falecida em janeiro de 2017, teria avaliado a colocação de um forno na churrasqueira.O encarregado falou que Marisa pediu isso diretamente a ele. Em relação a Lula, Misael falou que apenas o caseiro trazia os recados do ex-presidente. Um dos recados passados seria quando que vão mexer no lago. O ex-presidente parecia que tinha pressa.
O Ministério Público Federal (MPF) acusa Lula de ser o dono do sítio e ter recebido propina pára a reforma da propriedade.O dinheiro ilícito teria origem nos cofres públicos devastados pela corrupção na Petrobras.O encarregado falou a Moro como testemunha de defesa de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS e do ex-executivo, Paulo Gordilho.
Obras com valores altos
De acordo com o depoimento, o encarregado falou que todas as quartas-feiras, ele via a esposa de Lula no sítio e também aos finais de semana. O ex-presidente foi pouca vezes visto por ele no local.O funcionário trabalha na construtora OAS desde 2013.
Misael falou que em nenhum momento, o caseiro ou dona Marisa perguntavam sobre os valores que ficavam determinadas reformas na propriedade. As obras chegavam a ultrapassar R$ 500 mil.
Um detalhe interessante dito pelo encarregado, é que as compras de material não eram feitas no nome da OAS e sim em seu próprio nome. Depois, ele pedia para que tudo fosse entregue no endereço do sítio.
Segundo o funcionário, ele ficou sabendo sobre a realização das obras pelo seu gerente Luis Alberto. O gerente teria dito que todos iriam trabalhar no sítio do presidente.
Sigilo absoluto
Misael contou a Moro que as obras eram feitas sob sigilo total. Ninguém usava crachá da construtora. O argumento utilizado era porque o sítio pertencia a um presidente e tudo deveria ser feito sem alardes.Nem mesmo o uniforme da empresa pôde ser usado.