Aos 55 anos, Carlos Fernando de Lima se aposentou. Depois de mais de 24 anos de trabalhos prestados ao Ministério Público Federal, ele agora se dedicará somente a vida pessoal.
Antes de desocupar o seu escritório, que fica localizado no oitavo andar da Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PPR-3), em São Paulo, Carlos concedeu uma última entrevista.
Em conversa com os jornalistas Ricardo Brandt e Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, o procurador fez uma chocante revelação, em que admitiu que a condução coercitiva contra o presidente Lula tinha uma ‘segunda intenção’. “Era necessário desconstruir a imagem que existiam pessoas fora do alcance da Justiça. Aquele momento a condução teve a virtude de mostrar que a Justiça alcançava qualquer um”, declarou.
O procurador ainda disse que era necessário desconstruir a ideia de que muitas pessoas não estão ao alcance da Justiça. Então, com o ex-presidente Lula preso, Lima acredita que muita coisa vem mudando e que as pessoas têm consciência de que não estão mais intocáveis. “Na verdade há uma série de intocáveis na República, mas de qualquer forma, depois que o Lula foi preso (em abril de 2018), ninguém está mais garantido“, opinou.
Carlos Santos Lima também contou que partiu de um dos procuradores a ideia de fazer a divulgação do áudio da conversa que Lula e Dilma tiveram, em que ela relata sua intenção de colocá-lo como ministro da Casa Civil.
Ao ser questionado se teve algum arrependimento nos cinco anos em que esteve na Lava Jato, o procurador alegou que deveria ter dado mais apoio ao amigo Deltan Dallagnol, responsável pela divulgação do Power Point de Lula, que acabou sendo ridicularizada no mundo todo.
Agora aposentado, Lima pretende ajudar empresas a procurarem os documentos certos para apresentar ao Ministério Público quando solicitadas. Para ele, o confronto pode levar à destruição, como quase aconteceu com a empreiteira Odebrecht, envolvida em vários casos de lavagem de dinheiro.