Moçambique é um dos três países da África que vive uma tragédia humanitária depois da passagem do ciclone Idai, em março. Centenas de pessoas morreram e dezenas de milhares ficaram desabrigadas. Agora, surge uma denúncia estarrecedora feita pela organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW).
De acordo com a ONG, mulheres moçambicanas estão sendo obrigadas a manter relações para obter ajuda. A denúncia foi feita na quinta-feira (25). O abuso estaria partindo de líderes comunitários ligados ao partido governista Frelimo.
De acordo com a HRW, em alguns dos casos, as mulheres estão sendo forçadas a manter relações “com autoridades locais em troca de um saco de arroz“. A ONG classifica a exploração como cruel e revoltante. O diretor da entidade para o sul da África, Dewa Mavhinga, afirmou que isso deve parar.
Em algumas das aldeias atingidas pelo ciclone Idai, famílias chefiadas por mulheres não veem comida há semanas. Diante dessa situação angustiante, as mulheres topam manter relações em troca de alimento. É a única saída que encontram.
De acordo com a HRW, três mulheres do distrito de Nhamatanda confirmaram que foram obrigadas a manter relações por funcionários. Uma das entrevistadas contou que um líder do partido governista foi à casa dela com saco de arroz, farinha e um quilo de feijão e fez a proposta indecente que ela acabou aceitando diante do desespero de ver os filhos com fome.
Nesta quinta-feira, Moçambique foi atingido por um outro ciclone, chamado Kenneth, e duas mortes foram confirmadas até o momento.