O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vive o momento mais delicado desde que assumiu o governo federal, em janeiro do ano passado. Os motivos são vários. O primeiro é que o país passa pela pandemia causada pelo novo coronavírus. Mais de cinco mil pessoas morreram no Brasil desde que o vírus, disseminado a partir da China, chegou.
Na semana passada, o ministro Sergio Moro pediu demissão do comando da pasta de Justiça e Segurança e Pública. Além de sair, Moro fez acusações graves contra o presidente da República e disse, entre outras coisas, que ele quer interferir na Polícia Federal. Após as declarações de Moro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu abertura de inquérito contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Apenas o STF pode autorizar abertura de investigações contra o presidente. Em seu pedido, Aras citou seis crimes que podem ter sido cometidos por Bolsonaro: prevaricação, falsidade ideológica, obstrução de Justiça, coação no curso do processo, corrupção passiva e privilegiada. Na segunda-feira (27), o ministro Celso de Mello autorizou a abertura de um inquérito para apurar as acusações feitas por Moro.
Caso seja considerado culpado e acabe condenado, Jair Bolsonaro pode pegar pena máxima de 19 anos de prisão. O ex-presidente Lula, por exemplo, foi condenado no âmbito da Operação Lava Jato, no caso do Tríplex, e pegou pouco mais de oito anos, em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a terceira instância. Na primeira instância, Moro havia condenado Lula a nove anos e seis meses.
As investigações contra Bolsonaro devem avançar nos próximos dias, Sergio Moro deve ser ouvido, pode haver averiguação no celular do ex-ministro, entre outros procedimentos. Tudo isso deve demorar algum tempo. Até lá, Bolsonaro continua exercendo o cargo de presidente.