Enfermeiros travam uma guerra contra o coronavírus: ‘há um mês não vejo minha filha’

Eles enfrentam baixo salário, falta de EPIs, excesso de trabalho e distância da família.

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Com a chegada do coronavírus ao Brasil, muitos enfermeiros decidiram não retornarem para casa após o trabalho com medo de infectar a família e com isso ficam longos períodos sem ver os filhos. Estes profissionais enfrentam não só a Covid-19, como também o baixo salário, falta de equipamentos de segurança, cansaço e muitas vezes a solidão também.

Em Fortaleza, no Ceará, uma enfermeira está há um mês e meio sem ver a filha e nem os pais. Ela costumava almoçar com a família toda nos finais de semana, mas agora ficam semanas sem ir até sua casa para evitar o contágio dos familiares.

Trabalhando em dois hospitais da rede privada, esta enfermeira está longe da filha de 17 anos. A jovem resolveu ir morar com os avós e assim deixar a mãe um pouco menos preocupada, mas a saudade sempre aperta e nestas horas o contato pela internet é fundamental para uma dar força para a outra.

Histórias como esta se multiplicam por todo o país e cada enfermeiro tenta encontrar uma forma de vencer esta batalha. Eles ganham pouco, trabalham muito e nem podem contar com o abraço da família.

Enfermeiros vão vivendo uma mistura de angústia com solidão e sabem que deixar o hospital para ir até sua casa é um risco para quem usa o transporte público e a família. O Cofen – Conselho Federal de Enfermagem, estima que mais de 1 milhão de enfermeiros, além de técnicos e auxiliares, estão na linha de frente, ajudando no combate ao novo coronavírus.

A grande maioria dos profissionais de enfermagem são mulheres e elas eram acostumadas a dividir o tempo entre o trabalho no hospital e os cuidados em casa com a família, mas agora muitas não podem nem mesmo ver os filhos e não sabem quando tudo isso chegará ao fim.