Júlia de Oliveira, de 27 anos, viajou para Campos do Jordão, no ano passado, ao lado do marido e da filha. A viagem para a cidade do interior de São Paulo era tradição na família. Em junho do ano passado, a família saiu de Cubatão, litoral sul do estado, para Campos do Jordão. O objetivo era comemorar o Dia dos Namorados de forma antecipada.
Na ida, deu tudo certo. A viagem foi tranquila. Em Campos do Jordão, curtiram a cidade. A volta para casa, porém, não terminou do que jeito que eles queriam. O ônibus que os trazia perdeu o controle na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro, fez uma curva em alta velocidade, tombou e atingiu cinco veículos na pista contrária.
O resultado do acidente foi trágico: dez pessoas mortas (o motorista do ônibus, Ivan da Silva, sete passageiros e duas pessoas que estavam nos carros) e mais de 50 feridas. Entre os turistas, 48 eram moradores do litoral.
Em entrevista ao G1, Júlia classificou o episódio como um milagre por não ter ficado paraplégica.
Segundo ela, nem os médicos acreditavam que ela tivesse movimentos nas mãos e nos pés. A mulher começou a fazer fisioterapia, mas interrompeu devido a pandemia do novo coronavírus. Apesar da alegria e gratidão por estar viva, Júlia também contou os pesadelos de arrepiar que já teve desde então.
Ela afirmou que sonhava que estava dentro do ônibus e ouvia muitas pessoas pedindo ajuda. Ela ouvia, mas não conseguia se virar para ajudar. “E tinha uma menininha que estava do meu lado, com a mãe dela. As duas morreram no acidente. Sonhava que essa menininha estava me chamando e eu tentava tirá-la de lá também”, recordou, classificando o pesadelo como angustiante.