Fábio Cardoso Tomé dos Santos, de 38 anos, não podia imaginar que ao dar entrada no hospital para checar a saúde, não sairia mais de lá. Com dificuldade para respirar, sintoma característico da Covid-19, o comerciante achou melhor procurar o médico para saber o que estava acontecendo.
Receoso de perder tempo esperando em um hospital público, ele procurou uma unidade do setor privado, o Santa Cruz, que fica localizado no centro de São Paulo. O comerciante não tinha plano de saúde, porém conforme a família informou, ele acreditava que a consulta no local seria resolvida de forma simples.
Contudo, ele entrou e não sai mais do hospital. Ficou internado por sete dias na UTI – Unidade de Terapia Intensiva e foi a óbito em virtude de complicações da Covid-19. Além de precisar lidar com a perda inesperada de um ente querido, sem poder ao menos se despedir direito, os familiares de Santos precisam lidar com uma difícil realidade, a conta do hospital no valor de quase 170 mil reais.
Uma das irmãs do comerciante, Márcia Cardoso, de 31 anos desabafou: “A gente sabia que estava tudo lotado (na rede pública). Procuramos um hospital particular, mas nunca cogitamos UTI. Pensava que seria coisa de dois dias lá. Ele era jovem e saudável. Mas não foi assim”.
Foi Santos que tomou a frente dos negócios da família quando a pandemia chegou a São Paulo. Ele ficou tomando conta da vidraçaria que foi fundada pelos pais. Preocupado com os pais, ele era a única pessoa que ia ao local, assumindo todas as tarefas, inclusive, as compras de supermercado.
O primeiro sintoma que apareceu foi a tosse seca, explicou a irmã, que ficou surpresa com a evolução rápida da doença. O hospital consultou os familiares quando a situação ficou grave e perguntou se os parentes queriam fazer uma transferência para o hospital público. Temerosos, eles permitiram que o homem ficasse lá. O Hospital Santa Cruz disse que está aberto a negociar a conta da unidade com os responsáveis legais do comerciante.