Por onde anda Andreas von Richthofen, o maior afetado pelo crime da irmã Suzane

Andreas era adolescente quando a irmã e os irmãos Cravinhos mataram seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen.

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Andreas era apenas um adolescente quando viu sua vida mudar radicalmente para sempre. Ele, sua única irmã Suzane von Richthofen, e seus pais, Manfred e Marisia von Richthofen, levavam uma vida normal e com todas as regalias que sua condição financeira poderia oferecer. O que Andreas ou seus pais jamais imaginaram é que a boa situação econômica da família não bastaria para que Suzane fosse feliz.

Em 2002, Andreas saiu para jogar bola, como parte do plano da irmã, do namorado dela e do cunhado, Daniel e Cristian Cravinhos. O adolescente tinha muita amizade com os irmãos Cravinhos e os considerava seus melhores amigos naquela época, em especial Daniel, namorado de Suzane.

Com a ajuda de Suzane, os Cravinhos entraram na residência e mataram o casal Manfred e Marísia. Suzane fingiu não saber de nada e chorou no enterro, gerando comoção de quem via as cenas de dois jovens desamparados pela violência.

Pouco tempo depois, Suzane é presa como suspeita do crime. Anos depois, ela e os irmãos Cravinhos são condenados pelo assassinato de Manfred e Marísia. Ela como autora intelectual e eles como executores do crime.

Andreas visitou a irmã apenas no começo de sua prisão, mas logo se deu conta de que ela era a responsável por sua dor e cortou o contato. O adolescente cresceu com familiares e a justiça determinou que toda a herança de Manfred e Marisia, avaliada em milhões de reais, sejam integralmente de Andreas. Por assassinar os pais, Suzane perdeu o direito a sua parte na herança.

O jovem passou anos, distante da mídia, tentando refazer a sua vida e sem manter contato com a irmã. Em 2018, quando estava com 29 anos, o rapaz decidiu quebrar o silêncio e ligou para Suzane quando ela foi beneficiada por uma saidinha de feriado.

Suzane ficou surpresa e os dois combinaram de se encontrar. Andreas visitaria a irmã, já que ela não podia deixar a cidade por estar cumprindo pena. Suzane preparou tudo para encontrar o irmão, que jamais apareceu ou disse o motivo de sua ausência. No dia da visita, Andreas chegou a pegar o carro a caminho do endereço da irmã, mas por algum motivo desistiu.

O rapaz pode ter ficado muito abalado ao remoer todo o passado doloroso. De acordo com Ullisses Campbell, que escreveu um livro sobre o crime e passou três anos estudando o caso e entrevistando pessoas, incluindo os executores do mesmo, o rapaz acabou sendo levado pelo consumo de álcool e drogas naquele dia, vindo a perder os sentidos.

O rapaz foi encontrado fora de si, tentando pular o muro de uma casa na zona sul de São Paulo. Os moradores chamaram a polícia e ele parecia assustado. Admitiu que bebia e usava maconha de vez em quando, mas que não havia usado naquele dia. Foi levado para uma clínica e os jornais afirmavam que ele estava vivendo na Cracolândia, mas segundo Ulisses, isso nunca aconteceu. O rapaz apenas surtou ao estar diante da possibilidade de encontrar a assassina de seus pais, 15 anos após a última vez que a viu.

Na época ele deu seu endereço a polícia e disse que lá era “zoado”. Ao chegar no local, a polícia constatou que era uma mansão próxima ao endereço em que Manfred e Marísia foram assassinados, além de parecer ser um imóvel vazio. Andreas foi internado em uma clínica de reabilitação.

Andreas tenta levar uma vida discreta e normal, embora o passado tenha o marcado para sempre. O rapaz se formou em Farmácia e Bioquímica pela USP, além de ser doutor em Química Orgânica pela mesma universidade. Hoje ele tem 32 anos e o crime já completa 18 anos. Andreas e Suzane continuam sem contato, enquanto ela cumpre o restante de sua pena em regime semiaberto.

Antes de se tornar notícia no dia do surto e tentativa de invasão domiciliar, ele chegou a manifestar ao advogado o interesse em ir embora do Brasil, a fim de se livrar do peso de seu sobrenome, uma vez que todos já sabem quem ele é em qualquer lugar que precise se identificar.

Na época, inclusive, ele teria dito que recebeu convites para estudar no exterior. Os professores de Andreas na graduação e doutorado da USP o elogiaram como um jovem inteligente, gentil e educado.