Moda e longevidade andam juntas, garante Ceres Azevedo, inspiração para o público 50+

Quando se fala em tendências e roupas para mulheres maduras, há uma série de paradigmas que ainda precisam ser quebrados

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O envelhecimento da população brasileira é uma realidade que pede uma transformação de mindset comercial e social, não apenas porque é preciso enxergar o potencial de mercado que a longevidade traz, mas, porque houve uma mudança de comportamento no público 50+. Quando se fala em mercado de moda para mulheres maduras, por exemplo, há uma série de esterótipos que ainda precisam ser quebrados.

Publicitária e criadora de conteúdo, Ceres Azevedo usa as redes sociais como uma ferramenta de quebra de padrões impostos a esse público. Ela explica que o mercado de beleza e moda ainda é orientado por uma lógica de obsessão pelo juvenil, o que cria no imaginário popular um receio de envelhecer. “A mulher 50+ trabalha, é independente, tem vida sexual, usa roupas coloridas e decotadas. A ideia de que após os 50 anos essa mulher já é uma idosa não faz parte da nossa realidade e a indústria têxtil ainda não conseguiu acompanhar isso”, comenta.

Prova de que esse estereótipo ainda permeia a indústria é que apesar de já representarem 13,7% da população, o equivalente a 29 milhões de pessoas, as mulheres maduras ainda são ignoradas pelas grandes marcas do universo da moda e da beleza. De acordo com um levantamento da Tsunami60+, quatro em cada dez mulheres com mais de 55 anos alegam que não existem produtos e serviços voltados para elas. Destas insatisfações, a maior parcela vem do setor de vestuário, calçados e acessórios (56%).

“Quando você vai às lojas, no departamento dedicado a mulher madura, há todo um ideal de roupa mais séria, cores neutras e corte retos. É uma comunicação silenciosa sobre qual conduta de vestimenta você precisa seguir, quando, na verdade, a mulher dessa faixa etária também quer um vestido mais curto, uma modelagem mais atual e cores mais vivas”, pontua. 

Segundo Ceres Azevedo, que fala sobre moda dedicada às mulheres 50+ nas redes dela, isso ocorre porque o mercado não atualizou quando a essa mudança de comportamento e de perfil. “Esse cenário também gera um efeito na concepção dessas mulheres, que se sentem bloqueadas socialmente de usar uma peça mais curta ou um vestido sem mangas”, relata. 

A maior força para quebrar esses paradigmas vêm, segundo ela, da autoaceitação dessas mulheres, que gradualmente estão aceitando que a passagem do tempo é natural e que ao contrário de toda uma indústria que trabalha sobre o termo “anti-idade”, há beleza em aceitar as rugas, os cabelos brancos e o corpo mais flácido. “Quando essa mulher passa a abraçar sua idade, ela começa a procurar por peças mais modernas e estilosas, apesar do mercado ainda não oferecer isso. Há um longo caminho pela frente”, comenta. 

Para driblar o cenário, a maioria compra as roupas em departamentos voltados para mulheres mais jovens. “É tentativa e erro. Além disso, para encontrar seu estilo e ousar mais nas combinações, a mulher precisa também de inspirações em revistas, no Instagram e na própria publicidade. De forma que se sintam representadas e empoderadas”, pontua Ceres Azevedo.  

É verdade que o mercado caminha a passos lentos para se adequar as novas demandas, mas para Ceres Azevedo, o fato das mulheres maduras estarem se movimentando para buscar um estilo mais moderno, faz com que as empresas, gradualmente, tomem consciência sobre essa demanda. “Para além das araras cheias de roupas formais e comedidas, há mulheres que mostram a cada dia que estão cheias de energia e personalidade, com vontade de se libertar, e mostrando que a moda também precisa acompanhar essa realidade”, pontua.