A psicologia da vitória: o que acontece com nosso cérebro quando vencemos?

Isso acontece em competições esportivas, debates, eleições e até mesmo em competições de canto como o XFactor.

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O efeito vencedor é um termo usado na biologia para descrever o efeito da vitória em nosso cérebro. Esse fenômeno foi observado pela primeira vez no reino animal, quando os pesquisadores descobriram que os animais que haviam derrotado oponentes mais fracos tinham maior probabilidade de resistir a ataques de animais mais fortes. Em seu livro “The Winner Effect” (O Efeito Vencedor), o neurocientista e psicólogo clínico Ian Robertson explica que a vitória e o sucesso em geral tendem a alterar os mecanismos químicos de nosso cérebro, tornando-nos mais concentrados, mais agressivos e mais confiantes.

Então, como exatamente isso acontece? De acordo com Robertson, isso é estimulado por quatro processos principais:

● O ciclo de feedback da dopamina: toda vez que ganhamos, liberamos dopamina e, em seguida, nosso cérebro registra os comportamentos que nos levaram à vitória e tenta reproduzi-los;

● Sistema de recompensa, que é o sistema que liga as emoções aos comportamentos;

● O córtex cingulado anterior, que avalia o risco versus a recompensa de uma situação;

● Testosterona. Quando estamos em um estado competitivo, há um aumento nos níveis de testosterona que nos torna mais agressivos e competitivos.

Esse mecanismo é acionado em todas as situações de competição, grandes ou pequenas. A explicação mais óbvia parece estar relacionada ao nosso instinto primitivo de sobrevivência, quando nossos ancestrais estavam em situações de ameaça constante. É claro que, com a evolução, não precisamos mais nos defender de animais ferozes ou tribos inimigas. No entanto, esse impulso não desapareceu.

O aspecto mais interessante a ser observado é que esse mecanismo também é acionado em contextos lúdicos em que estamos em um estado de euforia. Vemos isso, por exemplo, quando apostamos em jogos de apostas, em que os sistemas de recompensa são ainda mais intensos.

Essencialmente, os indivíduos que estão sob o “winner effect” adquirem o gosto pela vitória e se tornam mais autoconfiantes.

Em casos extremos, isso pode levar alguns a subestimar os riscos e desenvolver um vício, precisamente porque a liberação de dopamina os estimula a buscar as ações que levaram à vitória.

O “winner effect” também é um conceito útil no marketing. Quantas vezes já nos sentimos “sortudos” ou “vitoriosos” porque conseguimos pegar a última camiseta do nosso tamanho ou os “últimos assentos do voo”? A psicologia do marketing usa os mesmos mecanismos de recompensa para atrair mais clientes.

Então, por que ganhar é tão importante para nós?

Sabemos que, do ponto de vista científico, mecanismos neurológicos são acionados por nossa busca por recompensas positivas. Do ponto de vista filosófico, podemos dizer que vencer nos dá a sensação de ter derrotado o destino e que talvez esse evento faça parte de algum plano divino. De qualquer forma, vencer é bom para nosso cérebro, nosso corpo e nossa vida no geral.