Implosão: um resultado que só interessa a quem tem muito, muito dinheiro

Marx continua certo: um proletariado dividido é tudo o que o capital precisa.

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“Proletários de todo mundo, uni-vos!”

Acabo de sair de uma reunião construída pelo capital perverso da mineração. De um lado, proletários vendiam um imenso empreendimento de alto impacto ambiental, ocultando, claro, informações centrais que o colocaria sob uma luz ruim. De outro, proletários defendendo seu naco de chão e seu modo de vida a serem destruídos pela voracidade da instalação. Confortável, o capital descansa longe do conflito, pagando o soldo dos primeiros e avançando, imperialista, sobre os segundos. De todos os lados, como na Guadalcanal de James Jones, o conflito mói os peões dessa batalha.

O capital vultuoso e obscuro, que promove o embate e o até o planeja, banquetea com o poder público os pedaços de uma comunidade dividida.

O impacto do terminal adequadamente disfarçado de ferroviário já se faz presente e cobra as primeiras vítimas. Soldados que nunca se viram avançam uns sobre os outros, sem paus nem pedras, mas palavras. O capital sem face, apoiado pela ausência anuente da administração pública que o dá oportunidade, divide uma comunidade e estuda a qualidade de seu investimento, sem nunca sujar as próprias mãos. Seus chacais semi-involuntários, defendendo também o seu pão, certos de suas qualificações conquistadas a duras penas, acreditam no que fazem porque é a isso que dedicaram seu tempo – e é disso que tiram seu sustento. Por causa disso, reafirmam tais crenças, de que o capital há de nós beneficiar a todos. Estão convencidos também pela necessidade cruel do pão-nosso-de-cada-dia que agem de boa fé, em nome do amorfo poder econômico, mancumunado com um poder público, no mínimo, negligente.

Já não há vencedores quando peões igualmente vulneráveis estão tão precariamente envolvidos, irredutíveis e sequestrados pela esmola que lhes deita o capital imperialista impatriado distante. Ao menos, poderia estar salva a terra que, julgada desumanizada, improdutiva ou selvagem, vai sucumbir à lógica liberal que defende o direito à propriedade e a livre iniciativa mais do que o direito à vida de seus habitantes, incluindo animais e vegetais, que cá estavam muito antes de sua ganância chegar.

O capital minerário cintila com promessas de prosperidade, e nos devora a todos, homens, mulheres, crianças, animais, vegetais. Quando a Terra desolada não mais puder suprir riquezas como ar e água, ainda há de sentir-se traído e abandonado, sobre as ossadas que produziu na sua fome.