Um funcionário responsável pela manutenção nas universidades, ao desligar um congelador após ouvir diversos “sinais sonoros incômodos”, ocasionou danos a mais de duas décadas de estudos científicos, conforme uma ação legal movida pelo Instituto Politécnico Rensselaer, localizado no interior do estado de Nova York, nos Estados Unidos.
Esse funcionário, que não está sendo processado, era contratado pela empresa de serviços de limpeza Daigle Cleaning Systems Inc., e trabalhou na universidade privada de pesquisa em Troy, Nova York, por vários meses durante o ano de 2020.
O processo movido pela universidade requer uma compensação de mais de US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 4,7 milhões) em danos e custos advocatícios da Daigle Cleaning Systems como consequência do incidente.
O congelador do laboratório continha mais de 20 anos de pesquisas, incluindo culturas e amostras celulares, nas quais uma “ligeira variação de três graus na temperatura causaria danos irreparáveis”, de acordo com a ação movida no Tribunal Superior do condado de Rensselaer.
A universidade não atribui culpa ao funcionário responsável, mas responsabiliza a Daigle Cleaning Systems por não ter fornecido um treinamento adequado e supervisão suficiente, como alegado no processo.
“O réu, por meio de supervisão negligente, descuidada e/ou imprudente do [funcionário], causou danos às culturas celulares, amostras e/ou pesquisas no laboratório”, afirma a universidade.
Enquanto aguardavam o conserto pelo fabricante do congelador, a equipe do professor colocou uma caixa com trava de segurança ao redor da tomada e do cabo de energia do congelador. Além disso, um aviso foi fixado no congelador, conforme mencionado no processo legal.
Alerta era ‘claro’ sobre a situação do freezer
“ESSE CONGELADOR ESTÁ EM REPARO E EMITE SINAIS SONOROS. POR FAVOR, NÃO MOVA OU DESCONECTE. NÃO É NECESSÁRIA NENHUMA LIMPEZA NESTA ÁREA. CASO QUEIRA SILENCIAR O SOM, VOCÊ PODE PRESSIONAR O BOTÃO DE SILENCIAMENTO DO ALARME/TESTE POR 5-10 SEGUNDOS”, dizia o aviso.
Contudo, em 17 de setembro, o funcionário ouviu o que posteriormente chamou de “sinais sonoros incômodos”, conforme descrito no processo. Na tentativa aparente de prestar auxílio, ele desligou os disjuntores que forneciam eletricidade ao congelador, cometendo um equívoco ao fazê-lo. Ele afirmou ainda que a temperatura do congelador subiu para -32 °C.
No dia seguinte, os estudantes envolvidos na pesquisa encontraram o congelador desligado e, apesar dos esforços para preservar as pesquisas, a maioria das culturas foi “comprometida, destruída e tornada irrecuperável, resultando na perda de mais de vinte anos de trabalho científico”, conforme mencionado no processo.