Um recente estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) revelou uma realidade preocupante para os professores de pré-escola no Brasil. Os dados, coletados no segundo trimestre de 2023 a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que esses profissionais, juntamente com outros ligados à área educacional, estão enfrentando salários bastante reduzidos, mesmo possuindo nível superior de formação.
O estudo, liderado pela economista e pesquisadora Janaína Feijó, concentrou-se em trabalhadores do setor privado que ocupam cargos que requerem graduação. A pesquisa traçou um panorama das profissões com os menores e maiores rendimentos em todo o Brasil.
Os Piores Salários no Brasil
De acordo com os resultados da pesquisa, os professores de pré-escola no Brasil apresentam um rendimento médio de R$ 2.285 mensais, o que os coloca na posição de profissionais com ensino superior menos remunerados no país. Logo a seguir, estão outros profissionais da área educacional, como professores de ensino fundamental, artes e música, com salários em torno de R$ 2.554.
Além dos educadores, outros profissionais com presença destacada na lista dos piores salários incluem físicos, astrônomos, assistentes sociais, bibliotecários e fonoaudiólogos. Essa constatação expõe a disparidade entre o comprometimento e a importância das funções desempenhadas por esses profissionais no sistema educacional e a remuneração que recebem.
Profissões Melhor Remuneradas e Valorização Salarial
Por outro lado, a pesquisa também destacou as profissões mais bem remuneradas, onde médicos especialistas lideram o ranking com salários que ultrapassam os R$ 18 mil. Matemáticos, geólogos, engenheiros mecânicos e desenvolvedores de software também figuram entre os profissionais mais bem pagos do país.
A análise da pesquisadora da FGV, Janaína Feijó, também se estendeu à evolução salarial dessas profissões ao longo da última década. Os resultados indicaram que, embora o rendimento médio dos professores tenha experimentado um crescimento real nesse período, a profissão ainda permanece mal remunerada em comparação com outras ocupações.
Feijó destacou que, apesar dos esforços para estabelecer pisos salariais, a remuneração dos professores e de outros profissionais da área educacional ainda está consideravelmente abaixo da média das profissões mais bem pagas. Enquanto isso, os médicos especialistas, mesmo sendo os mais bem remunerados, observaram uma queda de 13% em seus salários nos últimos anos.
Uma notável observação foi a valorização salarial dos desenvolvedores de páginas de internet e multimídia, que experimentaram um crescimento de 91% em seus rendimentos médios ao longo da última década. A pesquisadora apontou que esse aumento se deve ao avanço tecnológico na sociedade, bem como ao impacto da pandemia de coronavírus, que acelerou a necessidade de ferramentas de trabalho mais tecnológicas e inovadoras em diversas áreas.