Durante o Campeonato Sergipano de Futebol na última terça-feira (16/04), um jovem de 23 anos viveu momentos de angústia. João Antônio Trindade Bastos, um personal trainer, foi submetido a uma situação de tensão quando foi abordado por policiais, algemado e removido do local na presença de uma multidão. Surpreendentemente, João não havia cometido nenhum crime; sua detenção foi resultado do reconhecimento facial por um sistema de inteligência artificial.
Na arquibancada, torcendo pelo Confiança em sua partida contra o Sergipe, encontrava-se o personal trainer. Em meio a uma multidão de aproximadamente 10 mil espectadores, testemunharam o momento em que João foi retirado do estádio, algemado e conduzido por policiais.
O homem contou como foi o momento em que foi levado pela polícia
João relata que foi submetido a coerção quando foi removido do local: “quando o primeiro [policial] já veio, pegou no meu braço, disse para eu não reagir, para eu levantar, que eu iria descer com eles”, pontuou.
Após ser retirado do estádio, João foi conduzido a uma sala onde foi interrogado. Ele foi erroneamente confundido com um criminoso procurado com mandado de prisão em aberto. Somente após a constatação do equívoco, e após suportar pressões dos policiais, João foi finalmente liberado.
João chorou no estádio após a confusão
“Sentei na arquibancada novamente e aí desabei a chorar. Passei mais ou menos 35, 40 minutos do segundo tempo chorando”, desabafou o personal trainer. Após o caso ganhar repercussão, o governo decidiu suspender o uso do sistema de reconhecimento facial.
Especialistas destacam que o sistema de reconhecimento facial apresenta falhas quando se trata de pessoas de pele parda e preta, pois é incapaz de distinguir adequadamente suas características faciais. Isso ocorre porque o sistema foi desenvolvido com base em conjuntos de dados predominantemente compostos por indivíduos de pele branca.