Piloto da Voepass alertou sobre riscos à segurança aérea em audiência da ANAC: ‘Vai, vai que dá’

Em junho, um piloto da Voepass levantou preocupações durante uma audiência pública na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

PUBLICIDADE

Em junho, um piloto da Voepass levantou uma preocupação significativa em uma audiência pública na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Ele relatou enfrentar uma pressão constante para realizar voos fora da programação habitual e sem observar os períodos de descanso exigidos para a tripulação.

O piloto mencionou que, em um dia de folga, recebeu oito chamadas perdidas no celular, todas solicitando que ele realizasse voos. Ele destacou que essa pressão para voar, mesmo fora do seu horário de trabalho, aumentava o risco de acidentes aéreos. “Às vezes, a empresa me liga e diz: ‘Vai, vai que dá [para voar]’. Mas na escala diz que não é para ir”, contou o profissional.

Piloto comentou sobre a pressão e fadiga

Segundo Luis Claudio de Almeida, essa prática apenas intensifica o cansaço extremo dos pilotos. Ele contou que acordava com inúmeras mensagens desse tipo no seu celular mesmo estando de folga. Algumas vezes o piloto chegou a desligar o aparelho.

A CNN tentou entrar em contato com Almeida, mas não conseguiu localizá-lo. Em resposta às alegações feitas, a Voepass afirmou que atende a todos os requisitos legais relacionados a jornadas e folgas, conforme as normas da ANAC que regulam a jornada e a gestão da fadiga dos tripulantes.

Piloto fez alerta durante a audiência

Durante a audiência, Almeida chamou a atenção dos técnicos da ANAC para o risco de acidentes aéreos devido à fadiga, expressando preocupação com a possibilidade de que um incidente possa ser amplamente noticiado.

A Anac está atualmente revisando o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) 117, com o objetivo de atualizar os critérios para a gestão da fadiga, sempre com respeito à legislação vigente e com foco na segurança das operações.

No entanto, o Sindicato Nacional dos Aeronautas expressou sua oposição à proposta, alegando que ela pode resultar em um aumento efetivo das horas de trabalho dos tripulantes. Maurício Pontes, presidente da Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil, também se pronunciou na audiência pública, solicitando a suspensão imediata das discussões até que sejam realizados estudos mais detalhados.