Temperatura de -40°C: avião que caiu viajou de 8 a 10 minutos em gelo severo, diz Ufal

Laboratório ligado à universidade de Alagoas fez estudo e chegou às conclusões sobre situação do voo 2283.

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Uma reconstituição meteorológica revelou um cenário alarmante enfrentado pelo avião da Voepass que caiu em Vinhedo, São Paulo, na última sexta-feira (9). De acordo com o estudo, a aeronave ATR 72-500 voou por entre oito e dez minutos dentro de uma formação de gelo severo, com temperaturas extremas de até -40°C.

Essas condições adversas são classificadas pelo manual do avião como extremamente perigosas. Quando a aeronave se depara com gelo severo, a taxa de acumulação de gelo é tão rápida que os sistemas de proteção podem falhar em removê-lo eficazmente. A situação causa perda de sustentação e aeronavegabilidade. O estudo foi realizado pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), ligado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Condições raras e desafiadoras

O manual recomenda que a tripulação saia dessa condição imediatamente para evitar perda de sustentação e outros perigos associados. O meteorologista Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, destacou que a aeronave enfrentou uma zona meteorológica crítica, atravessando nuvens com temperaturas extremamente baixas, abaixo de -40°C.

Essas condições são raras e extremamente desafiadoras para qualquer tipo de aeronave, não só para o ATR 72-500. Segundo Barbosa, em entrevista ao g1, o tempo que o avião passou na situação desfavorável foi considerável.

Como a análise foi realizada

A análise combinou imagens de satélites e radar com as coordenadas geográficas da rota do voo, permitindo uma compreensão detalhada das condições meteorológicas enfrentadas pela aeronave. Humberto Barbosa, ao examinar as condições climáticas no estado de São Paulo no dia do acidente, ficou assustado com o cenário enfrentado pelo voo da Voepass.