O relatório preliminar divulgado pela Aeronáutica sobre a tragédia com o avião da Voepass, que caiu no interior de São Paulo no mês passado, trouxe à tona novos detalhes sobre o voo 2283. Uma das revelações envolve a solicitação feita pelo comandante para baixar a altitude da aeronave pouco antes do acidente. Mas esse pedido não teve a ver com emergência e sim com a aproximação para o pouso.
O avião, um modelo ATR, enfrentava problemas relacionados ao sistema de “de-icing”, responsável por inflar e expulsar o gelo das asas. A falha foi identificada ainda no início do voo, quando os tripulantes tentaram ativar o dispositivo pela primeira vez.
Avião teve problemas de desempenho
Posteriormente, um sensor de acúmulo de gelo emitiu cinco alertas ao longo do voo, indicando que a situação estava piorando. Mesmo assim, o sistema só foi religado uma hora depois. Na fase final do trajeto, o avião se manteve a 17 mil pés de altitude (aproximadamente 5,2 mil metros), enquanto os problemas de desempenho começaram a aparecer.
Alertas de velocidade baixa e de degradação do desempenho da aeronave surgiram, mas a potência das hélices não foi ajustada para compensar a perda de sustentação. O gelo acumulado nas asas estava comprometendo seriamente a capacidade de voo do ATR.
Curva à direita levou avião a estol
Mesmo com os múltiplos alertas de gelo e de perda de velocidade, os procedimentos para o pouso continuaram como se o voo estivesse em condições normais. Foi apenas quando o controle de tráfego aéreo autorizou uma curva à direita, durante a aproximação, que o avião entrou em estol — uma perda súbita de sustentação — e não conseguiu se recuperar. Sessenta e duas pessoas morreram.