Moça que trabalha no IML e contou a história da moeda sobre a boca de defunto expõe curiosidades da sua profissão

Lolla Temponni diz trabalhar com grande amor como tanatopraxista, mas relatou as dificuldades inerentes da profissão.

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A jovem Lolla Temponni, de 24 anos, trabalha como tanatopraxista no IML (Instituto Médico Legal) de São Paulo e viralizou nas redes sociais nos últimos dias por conta de uma curiosidade. Segundo ela, há uma teoria antiga que circula entre as pessoas insinuando que, caso uma pessoa seja executada e, em seu velório, os familiares coloquem uma moeda sobre sua boca, saberão quem foi o executor, pois os olhos, nariz e ouvidos começariam a sangrar.

“Sabia que se alguém te assassinar um dia, e sua família no seu velório colocar uma moeda dentro da sua boca e o assassino estiver presente, eles sabem quem é? Porque você vai começar a sangrar pelos olhos, nariz e ouvido. Quem trabalha no IML sabe disso”, diz o vídeo.

O vídeo já alcançou a marca de 30 milhões de visualizações e despertou a curiosidade das pessoas sobre a profissão da moça. Afinal, o que um tanatopraxista faz? Em resumo, o profissional da área fica encarregado dos cuidados com o cadáver, sobretudo no que diz respeito à preparação em termos de maquiagem e à conservação para o velório.

Por que Lolla escolheu essa profissão?

Em entrevista à Marie Claire, a jovem explicou ter escolhido essa profissão especialmente após perder o pai. Segundo ela, houve o despertar do desejo de ajudar as pessoas que perdem entes queridos, a fim de que possam se despedir com o máximo de dignidade, já que, com o seu pai, enfrentou problemas nesse sentido.

“Queria oferecer o cuidado que não tive quando perdi meu pai e passei a pensar em ajudar as famílias que estavam perdendo pessoas que amavam”, desabafou.

A carreira de Lolla Temponni começou como secretária de uma funerária. Depois, a jovem fez cursos capacitantes para trabalhar como tanatopraxista. Segundo ela, a profissão requer muito amor, pois os desafios são constantes. Por exemplo, chegou a cumprir plantão de 48 horas, dormindo dentro do próprio necrotério, em um quarto reservado aos funcionários – o que não foi um problema para ela, já que não tem medo dos falecidos, mas dos vivos (em alusão a criminosos e pessoas ruins).

Outro desafio está no cheiro do ambiente de trabalho e nos próprios traumas que uma pessoa sem psicológico resiliente poderia desenvolver, a depender da complexidade de cada caso. Particularmente, Lolla nunca sofreu grandes problemas emocionais com o seu trabalho, muito embora evite, em sua rotina, determinados alimentos, como arroz de forno e polvo, por remeterem a determinadas coisas que viu em seu trabalho.

Caso emblemático

Um dos casos mais marcantes da profissão de Lolla foi o de uma jovem que faleceu. Segundo ela, a pessoa estava com o rosto completamente rígido, embora, surpreendentemente, tenha relaxado quando a mãe foi ao necrotério para realizar o reconhecimento. Segundo Lolla, a impressão é de que aquela pessoa, apesar de falecida, havia finalmente encontrado a paz.

“Quando a mãe dela chegou para reconhecer o corpo, o rosto da Maria estava completamente rígido. Mas, quando a mãe se aproximou, o rosto dela relaxou, como se tivesse encontrado paz”, relatou.

Inclusive, Lolla diz ser uma pessoa muito mais espiritual do que científica em sua profissão. Segundo ela, há energia por toda parte, razão pela qual age com o máximo respeito diante dos corpos sobre os quais trabalha, a ponto de pedir permissão para tocá-los: “é uma questão de respeito e energia”, acrescentou.