O pai de Henrique Marquez de Jesus, Danilo Martins, afirmou que o filho pode ter sido executado por um grupo de criminosos faccionados em Jericoacoara, no Ceará, após ser confundido como um possível membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) – facção rival. O adolescente, de 16 anos, havia postado nas redes sociais uma foto fazendo um gesto com a mão que seria associado ao grupo criminoso.
Em entrevista ao portal G1, Danilo lamentou a tragédia. Segundo ele, na região onde a família mora, em São Paulo, o gesto é absolutamente comum, e jamais imaginariam que poderia ser relacionado a uma facção criminosa.
“Isso [o gesto que Henrique Marquez de Jesus fez com uma das mãos] é normal onde moramos. O moleque tinha 16 anos. Deveriam ter orientado: ‘aqui não pode fazer esse símbolo, é de outra facção’ – falado isso para ele ou qualquer outra pessoa que não tem ciência. Não fazer uma crueldade dessas, achando que um moleque de 16 anos era envolvido com facção”, desabafou o pai.
Câmera flagrou Henrique Marquez sendo carregado por um bando
Danilo estava com os dois filhos, uma menina e Henrique, em uma barraca de praia na noite de segunda-feira, 16 de dezembro, quando o celular de um deles descarregou. Henrique se levantou e foi até a pousada onde a família estava hospedada para buscar um carregador.
No entanto, o adolescente não retornou, levando o pai a procurá-lo. Sem encontrá-lo, começou a verificar em comércios ao longo do trajeto entre a praia e a pousada. Ao analisar imagens de câmeras de segurança de um desses locais, viu o momento em que o filho era levado por um bando de aproximadamente sete homens.
Henrique permaneceu desaparecido por horas até que seu corpo foi localizado em uma lagoa distante do centro de Jericoacoara. O caso está sendo investigado pela PCCE (Polícia Civil do Estado do Ceará), que já teve acesso às filmagens.
Viagem havia sido um presente do pai
Henrique Marquez havia viajado pela primeira vez de avião, na que foi também sua primeira viagem de longa distância – um presente do pai. Segundo os familiares, o jovem iniciaria seu primeiro emprego na segunda-feira seguinte. A família estava em Jericoacoara há uma semana e retornaria a São Paulo no dia seguinte ao desaparecimento.
Enfrentando dificuldades financeiras, os parentes organizaram uma vaquinha nas redes sociais para arrecadar fundos para o translado do corpo. Trabalhador da construção civil, Danilo planejou a viagem por um longo tempo para conseguir proporcionar essa experiência aos filhos.