Nos últimos meses, os casos de envenenamento envolvendo alimentos e bebidas têm ganhado grande repercussão na mídia. Histórias chocantes, como bolos, chocolates e até milk-shakes envenenados, levantaram preocupações e geraram debates sobre segurança e fiscalização. A visibilidade desses casos trouxe à tona questões importantes sobre a prevenção e os riscos desse tipo de crime.
O portal LeoDias entrou em contato com especialistas para esclarecer se, de fato, houve um aumento no número de ocorrências e como a população pode se proteger. A Dra. Camila Lunardi, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), e o Dr. Álvaro Pulchinello, toxicologista do Hospital São Paulo da Unifesp, a Universidade Federal de São Paulo, informam que o aumento na divulgação pode dar a impressão de que os casos estão crescendo, mas, até agora, os números concretos não confirmam essa percepção.
Especialistas alertam sobre a facilidade de acesso às substâncias perigosas
Pulchinello alerta sobre facilidade de acesso a substâncias perigosas. Produtos químicos usados em envenenamentos podem ser obtidos de forma ilegal, seja por desvios ou vendas clandestinas. Isso reforça a necessidade de maior fiscalização pelas autoridades para coibir o uso indevido desses produtos e proteger a população de eventuais tragédias.
A prevenção é o melhor caminho, segundo o toxicologista. Produtos de limpeza, inseticidas e medicamentos devem ser mantidos fora do alcance de crianças e animais. Além disso, Lunardi aproveita pra reforçar sobre o uso de itens de origem clandestina e sobre a realização de misturas caseiras com produtos químicos. Seguir as instruções de fabricantes e médicos também é essencial para evitar acidentes graves.
Brasil apresenta grande número de envenenamentos
Os números de envenenamentos no Brasil são alarmantes. Entre 2019 e 2023, foram registrados mais de 452 mil atendimentos relacionados a esse tipo de ocorrência. No entanto, muitos casos podem não ser reportados oficialmente, dificultando uma análise mais precisa. Até o momento, dados atualizados de 2024 ainda não foram divulgados.
Casos emblemáticos e como se proteger
Casos emblemáticos reforçam a gravidade do problema. No Rio Grande do Sul, três pessoas morreram após consumir um bolo supostamente envenenado por uma nora. No Piauí, quatro membros de uma família faleceram, e o padrasto é suspeito. No Rio de Janeiro, uma mulher foi investigada por envenenar crianças com chocolates, enquanto um homem foi preso por dar um milk-shake envenenado à ex-companheira. Goiânia também registrou um episódio com doces envenenados, e outro caso trágico envolveu um brigadeiro contaminado por uma namorada, com a ajuda de uma cigana.
Por fim, é essencial estar atento aos sinais de envenenamento, como vômitos, sonolência e dificuldade para respirar. Diante de qualquer suspeita, procurar atendimento médico imediato pode ser decisivo para salvar vidas.